Por duas vezes Andreas Lubitz, copiloto que provocou a queda do A320 nos Alpes franceses, foi submetido a testes psicológicos. Segundo Carsten Spohr, presidente da Lufthansa, a empresa matriz da Germanwings, também na segunda avaliação, feita depois de uma longa pausa nos estudos, Lubitz foi considerado pelos médicos e psicólogos cem por cento capaz de exercer a profissão. Mas Lubitz admitiu que seus pilotos não passam por avaliações psicológicas de rotina.
Os critérios de seleção dos candidatos ao curso de piloto são os mais rigorosos. De seis mil candidatos, apenas cerca de 200 são admitidos, depois de comprovar aptidão técnica, resistência a situações de stress, espírito comunicativo e estabilidade psicológica, além dos testes cognitivos.
Depois da conclusão do curso, os pilotos são submetidos uma vez por ano a exames de saúde. Mas a companhia não repete mais qualquer tipo de avaliação psicológica dos seus pilotos. Em vez disso, há um sistema que permite aos próprios pilotos informar anonimamente quando observam forte mudança de comportamento de um colega. “Como milhões de pessoas na Alemanha, eu não consigo entender o que aconteceu, mas trata-se de um caso isolado, por mais trágico que seja”, afirmou Spohr, lembrando que por enquanto a companhia não tem planos de mudar a sua regra apesar da tragédia.
O psicólogo Reiner Kemmler, especialista em desastres aéreos, afirmou que muitos problemas que podem surgir ao longo da carreira de um piloto poderiam ser resolvidos com a consulta a um especialista. Mas ele admite que nenhum piloto teria a coragem de declarar sofrer de um distúrbio psíquico, como depressão, com medo de pôr em risco sua licença para pilotar. “Eles sabem que revelar um problema mental significa nunca mais poder pilotar um avião de passageiros, mesmo que o problema seja curável”, diz Kemmler.
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