O novo governo do Paraguai denunciou nesta quarta-feira que várias páginas oficiais foram invadidas na terça-feira por piratas virtuais, ou "crackers", que "alteraram a agenda" do presidente Federico Franco e enviaram mensagens a jornalistas com o falso anúncio de que o governante renunciaria.
Fontes da Secretaria de Informação e Comunicação (Sicom) informaram à Agência Efe que será apresentada uma denúncia a respeito dos ataques à Promotoria.
Na terça-feira, "houve uma intervenção no site da Presidência e de outros ministérios e setores públicos, que foi detectada e corrigida rapidamente", disseram as fontes.
Entre outras ações, durante "dez ou 15 minutos" os piratas "mudaram a agenda do presidente" e depois "saturaram os e-mails" do governo com envios massivos, relataram.
Também "entraram nos sites para conseguir contatos da imprensa e lhes enviaram mensagens avisando que o presidente iria renunciar", acrescentaram as fontes.
Consultadas pela Efe sobre indícios dos autores dessas ações, os informantes afirmaram que "neste momento isso está sendo investigado" e que não podem ser "irresponsáveis de acusar ninguém" até terem provas.
Franco, até cinco dias atrás vice-presidente do país, assumiu a Presidência na sexta-feira no lugar de Fernando Lugo, depois que este foi declarado culpado por "mau desempenho" de suas funções em um julgamento político no Parlamento.
O motivo alegado para abertura do processo foi a forma como Lugo administrou a crise gerada pela morte de 17 pessoas em um confronto armado entre policiais e sem-terra durante a ocupação de uma fazenda, e foi questionado pela opinião pública internacional por sua velocidade e porque não teriam sido respeitados os devidos procedimentos.
Na noite de ontem, Franco declarou em um breve contato com a mídia que seu Executivo apresentou "uma denúncia à Promotoria" pelos supostos atos de pirataria. "Piratearam absolutamente tudo, nem sequer o servidor pudemos utilizar", ressaltou.
As fontes da Sicom ouvidas pela Efe explicaram que o novo responsável por esse organismo, Martín Saneman, que tem cargo de ministro, chegou a um princípio de acordo com os responsáveis pela rede de televisão estatal, considerada uma das últimas bases de Lugo na administração paraguaia.
Desde o impeachment, a cada dia cerca de 300 pessoas, tendo estudantes, idosos e camponeses em sua maioria, se manifestaram em frente à sede da "Televisión Pública", criada em 2011 pelo Executivo de Lugo, que durante várias horas deu voz aos protestos através de um programa.
Assim, desde segunda-feira os seguidores de Franco também tiveram espaço no programa, que foi às praças em frente ao Legislativo para abrir o microfone a dezenas de pessoas reunidas para apoiar o novo governo.
"A intenção da TV estatal é voltar à normalidade, e para isso o ministro Saneman está levando adiante uma negociação", detalharam as fontes.