A tentativa do governo da Turquia de pôr fim à insurgência curda no país está ameaçada pela situação em que se encontram os curdos na Síria, sob ataque de militantes do Estado Islâmico na fronteira sul do país. A recusa de Ancara em prover apoio militar aos combatentes curdos no país vizinho está gerando revoltas e desconfiança, colocando em xeque as ações turcas para alcançar uma paz duradoura.
De acordo com dados oficiais, mais de 30 pessoas morreram na semana passada no sudeste da Turquia. Os curdos têm protestado contra a inação do governo turco, incendiando escolas, ambulâncias e prédios oficiais. Enquanto isso, os funerais de militantes curdos mortos na Síria têm se transformado em comícios pró-curdos.
O Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, na sigla em curdo), organização militante considerada terrorista pelo governo da Turquia, afirma que as negociações de paz com Ancara entrarão em colapso caso os jihadistas islâmicos tomem a região curda de Kobani na Síria.
Com o cerco do Estado Islâmico a Kobani há quase um mês, Ancara enfrenta um dilema: acirrar as tensões com os curdos em casa, ao restringir o apoio aos curdos da Síria somente à assistência humanitária, ou apoiar o PKK e seu afiliado sírio YPG - também considerado uma organização terrorista pelo governo turco - contra os militantes do EI.
"A estratégia turca é deixar o YPG e o EI se destruírem, mas antes acabar com a administração curda na Síria", disse Idres Nassan, um oficial de Kobani. O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, nega que esteja tentando jogar seus inimigos uns contra os outros. Ele diz que o PKK está usando a situação em Kobani como justificativa para minar as negociações de paz e, por meio de protestos violentos, desestabilizar a Turquia.
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