A história do pequeno Pegore Carajian se confunde com a de Aylan Kurdi, o menino sírio encontrado morto em uma praia da Turquia e que se tornou símbolo da crise migratória que atinge a Europa, o norte da África e o Oriente Médio.
Irmãos refugiados passaram sete meses separados da família
Refugiados da guerra na Síria os irmãos Garbis e Antranig Karajian sairam de seu país de origem em busca de um lugar seguro para viver com suas famílias há quase um ano
Leia a matéria completaAssim como Aylan, Pegore nasceu durante a guerra e, mesmo sem ainda entendê-la, arriscou a vida para fugir do conflito junto com a família. Teve mais sorte, sobreviveu e hoje vive com os pais em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. “Poderia ter sido ele. Quando se vive em um ambiente terrível de guerra você tem dificuldade até para dormir porque pode amanhecer morto. Podia ser qualquer outro menino sírio, como tantos que morreram. Em nosso bairro, uma criança foi atingida por estilhaços de bombas e um ferro atravessou a sua cabeça. Aquela imagem assustadora ainda permanece em nossa mente”, diz Sona Markeian, mãe de Pegore.
O menino atingido pelo ferro na cabeça e seus familiares foram levados para a casa de parentes de Sona para que pudessem ser socorridos. “Estavam todos ensanguentados. Foi uma cena terrível. Minha filha ficou mais de um ano sem conseguir entrar na casa de nossos parentes porque a imagem da família machucada e do menino ferido a deixou chocada”, completa Sona.
Ajuda
O major Mário Sérgio Garcez da Silva, um dos voluntários que proporcionou a vinda da família ao Brasil, disse que a alegria contagiou também sua vida. O grupo de voluntários alugou duas casas por um ano, uma para cada família. Colocaram toda a mobília, pintaram as casas, como se fossem para eles morarem. “O choro se tornou festa e o aniversário do pequeno Pegore revela isso”, disse Mário.
“Há quase quatro anos todos os dias famílias choram a morte de seus filhos em nosso país e nada ainda foi feito. Aylan é apenas um dos milhares de inocentes que morreram e continuam morrendo na guerra ou por causa dela”, diz.
A família de Pegore chegou ao Brasil há dois meses. No sábado (5) ele ganhou uma festa de aniversário de dois anos, para parentes e amigos mais chegados. O abraço dos amiguinhos brasileiros demonstrava o quanto se sentem acolhidos no Paraná. Os olhos dos pais, tios e primos de Pegore brilhavam quando a conversa era sobre os sonhos de abrir os próprios negócios e vencer em terras brasileiras.