A polícia grega entrou em confronto com manifestantes nesta quarta feira, depois que milhares de pessoas seguiram em passeata até o Parlamento, em Atenas, para protestar contra medidas de austeridade baixadas pelo governo para enfrentar uma imensa dívida externa.
Policiais da tropa de choque lançaram gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral contra ativistas que jogaram bombas incendiárias contra o Parlamento enquanto grevistas corriam para se proteger. Segundo a polícia, um jornalista foi levemente ferido por uma bomba incendiária.
Cerca de 35 mil pessoas saíram em passeata pelas ruas da capital grega.
Lojistas fecharam as portas e os serviços públicos pararam em toda a Grécia, na primeira greve geral deste ano no país contra as medidas de austeridade fiscal.
Os hospitais ficarão 24 horas funcionando apenas em esquema de emergência. As escolas fecharam, e os transportes foram afetados. Voos emergenciais foram autorizados apenas entre 10h e 14h (7h às 11h em Brasília), e os navios passarão todo o dia atracados nos portos.
Jornalistas aderiram ao protesto, levando a TV estatal a transmitir documentários, e as rádios a tocarem músicas.
"Esta greve inicia uma onda de protestos neste ano com a participação de trabalhadores, pensionistas e desempregados. Somos contra essas políticas que certamente estão causando pobreza e levando a economia a uma profunda recessão", disse à Reuters Ilias Iliopoulos, secretário-geral do sindicato Adedy, que reúne funcionários públicos. "Esperamos uma grande participação hoje", afirmou.
O governo socialista cortou salários e pensões e aumentou impostos no ano passado, apesar das repetidas greves. As medidas foram uma contrapartida a um pacote de 110 bilhões de euros (150 bilhões de dólares) oferecido pela União Europeia e o FMI para salvar o endividado país da bancarrota.
Os credores estrangeiros da Grécia aprovaram neste mês uma nova remessa de 15 bilhões de dólares, mas impuseram metas mais rígidas de arrecadação com privatizações e pediram mais reformas.
O governo pediu aos manifestantes que ajam pacificamente. "Nosso país só tem a ganhar ao salvaguardar o direito democrático dos cidadãos gregos a um protesto pacífico", disse o ministro da Proteção Cidadã, Christos Papoutsis.
Os manifestantes se reuniram no centro de Atenas. "Não aguentamos mais. Estou procurando trabalho há muitos meses, enquanto outros comem com colheres de ouro", disse Thanos Lykourias, de 27 anos.
No ano passado, o resgate à Grécia foi seguido de outro pacote de ajuda, de 85 bilhões de euros, à Irlanda. O caso grego é visto como um teste para a capacidade das economias mais fracas da zona do euro resistirem às medidas de austeridade que serão necessárias nos próximos anos para recuperar os cofres públicos e evitar uma moratória da dívida.
A chanceler (primeira-ministra) alemã, Angela Merkel, disse na terça-feira que uma reestruturação de prazos da dívida grega poderia ser considerada no contexto de um amplo pacote de resgate do euro. Mas o primeiro-ministro grego, George Papandreou, afirmou durante visita a Berlim que todas as reformas no seu país estão voltadas para evitar tal reestruturação da dívida.
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