Comandos malineses invadiram nesta sexta-feira (20) um hotel de luxo em Bamako, capital do Mali, depois que homens armados islamistas fizeram 170 pessoas reféns, incluindo muitos estrangeiros. O país, uma ex-colônia francesa, há anos enfrenta ataques de rebeldes aliados da rede Al Qaeda.
Forças de paz da Organização das Nações Unidas viram 27 corpos em dois andares separados do hotel de luxo na capital do Mali, Bamako, que foi atacado nesta sexta-feira, disse à Reuters um funcionário da ONU, citando informações preliminares.
Foram encontrados 12 corpos no porão do hotel e outros 15 no segundo andar, disse o funcionário, sob condição de anonimato. Ele acrescentou que as tropas da ONU ainda estavam ajudando as autoridades do Mali a fazer buscas no hotel.
Todos os reféns restantes em Mali estão agora em segurança e fora do hotel Radisson Blu, onde haviam sido detidos, informou o conselheiro ministerial Amadou Sangho, à TV francesa BFMTV.
Comandos do Mali invadiram o hotel de luxo depois que militantes islâmicos armados tomaram 170 pessoas como reféns, incluindo estrangeiros, na ex-colônia francesa, que vem enfrentando rebeldes aliados à al Qaeda há anos.
Um refém gravou um vídeo durante a ocupação. Assista.
Um grupo jihadista africano afiliado à Al Qaeda, o Al-Mourabitoun, assumiu a responsabilidade pelo ataque em uma mensagem no Twitter.
Segundo uma fonte do setor de segurança, quando as forças especiais foram ao seu encalço os militantes se entrincheiraram no sétimo andar.
A televisão estatal mostrou imagens de soldados em uniforme de camuflagem empunhando fuzis AK47s no saguão do Radisson Blu, um dos hotéis mais elegantes de Bamako. No fundo, um corpo jazia sob um cobertor marrom na base de um lance de escadas.
O ministro da Segurança Interna, coronel Salif Traoré, disse que os pistoleiros sobrepujaram os seguranças na entrada do hotel às 7h no horário local (5h em Brasília), atirando para todos os lados, aos gritos de “Allahu Akbar” (Deus é Grande, em árabe).
Ocasionais rajadas de tiros eram ouvidas quando os agressores vasculhavam o edifício de sete andares, sala por sala, andar por andar, disseram à Reuters uma fonte do alto escalão da segurança do Mali e uma testemunha.
Algumas pessoas foram libertadas pelos atiradores depois de provar que poderiam recitar versículos do Corão, enquanto outras foram retiradas pelas forças de segurança ou conseguiram escapar por conta própria.
Um dos reféns resgatados, o famoso cantor guineense Sékouba ‘Bambino’ Diabaté, disse ter ouvido dois dos agressores falando em inglês quando revistavam o quarto ao lado do dele.
“Ouvimos tiros vindos de área de recepção e não me atrevi a sair do meu quarto, pois parecia que não eram pistolas simples. Eram tiros de armas militares”, declarou Diabaté à Reuters, por telefone.
“Os atiradores entraram no quarto ao lado do meu. Ainda fiquei escondido debaixo da cama, não fazendo barulho”, disse. “Ouvi dizerem em inglês ‘Você carregou?’, ‘Vamos lá’”.
Segundo o site do jornal francês Le Monde, ele observou que os homens tinham falado com um sotaque nigeriano.
O ataque ao hotel, que fica a oeste do centro da cidade, perto de ministérios do governo e representações diplomáticas, ocorreu uma semana depois que militantes do Estado Islâmico mataram 129 pessoas em Paris, levantando temores de que os cidadãos franceses estavam sendo especificamente visados.
Vídeo
A agência de notícias Xinhua publicou o vídeo gravado por um turista chinês que estava no hotel. Nas imagens, é possível ver um carro (possivelmente dos ocupantes do prédio), além de alguns membros do grupo de sequestradores:
Cell phone video filmed by Chinese tourist taken hostage in Bamako, #Mali. The Chinese national is among 170 trapped https://t.co/0QSaS5wMSs
— China Xinhua News (@XHNews) 20 novembro 2015