Um policial de fronteira afegão "fora da lei" matou a tiros dois soldados estrangeiros que estavam em missão de treinamento nesta segunda-feira, e centenas de pessoas saíram às ruas em um quarto dia de protestos contra a queima do Alcorão por um pastor fundamentalista norte-americano.
Até mil residentes enfurecidos da cidade de Jalalabad, no leste do país, bloquearam a rodovia principal para Cabul e incendiaram efígies do pastor que organizou a queima do Alcorão, disse Ahmad Zia Abdulzai, porta-voz do governador provincial.
Centenas de pessoas fizeram protestos pacíficos nas províncias vizinhas de Laghman e Paktia. Na província de Helmand, no sul do país, moradores de Lashkar Gar estavam saindo para uma manifestação quando as ruas foram esvaziadas devido a um ataque suicida frustrado.
O gabinete do governador de Helmand informou que a polícia viu dois homens chegando de carro ao pátio central e abriu fogo contra eles.
Um dos homens ficou gravemente ferido; o outro conseguiu detonar seus explosivos, ferindo um policial e dois civis, mas não matando ninguém.
Cerca de 20 pessoas foram mortas e quase 150 ficaram feridas em três dias de protestos no norte e sul do Afeganistão que degeneraram em violência, embora grandes reuniões em outras partes do país tenham terminado pacificamente.
Doze pessoas morreram e mais de 110 ficaram feridas em Kandahar no sábado e domingo, quando manifestantes agitando bandeiras do Taleban e gritando "Morte à América" incendiaram carros, depredaram lojas e saquearam uma escola secundária para meninas.
Na sexta-feira sete funcionários estrangeiros da ONU e cinco manifestantes afegãos morreram depois que manifestantes invadiram o escritório da ONU na cidade normalmente pacífica de Mazar-i-Sharif, no norte do país.
Os protestos foram motivados por ultraje suscitado pelo pregador fundamentalista radical cristão Terry Jones, que comandou a queima de um exemplar do Alcorão diante de 50 pessoas em uma igreja da Flórida em 20 de março.
Líderes políticos e militares ocidentais, incluindo o presidente norte-americano Barack Obama e o comandante em chefe das forças dos EUA e Otan no Afeganistão, general David Petraeus, condenaram a queima do Alcorão e também a violência que a seguiu.
As condenações parecem ter feito pouco para aplacar a indignação ou os sentimentos antiocidentais em boa parte da sociedade afegã.
Terry Jones não manifestou arrependimento quanto à queima do Alcorão e desde então prometeu liderar um protesto anti-islã diante da maior mesquita dos Estados Unidos, este mês.
A Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf), liderada pela Otan, informou nesta segunda que está investigando a morte de dois soldados mortos em uma base por um atacante que aparentemente fazia parte da força policial afegã.
"De acordo com relatos iniciais, um indivíduo em uniforme da Polícia de Fronteira afegã disparou contra integrantes da Isaf dentro de um complexo. O autor dos disparos fugiu do local", disse um comunicado da Isaf.
Como a PF costurou diferentes tramas para indiciar Bolsonaro
Cid confirma que Bolsonaro sabia do plano de golpe de Estado, diz advogado
Problemas para Alexandre de Moraes na operação contra Bolsonaro e militares; assista ao Sem Rodeios
Deputados da base governista pressionam Lira a arquivar anistia após indiciamento de Bolsonaro