Pelo menos 20 jovens palestinos de nacionalidade israelense foram presos neste domingo (9) pela polícia em uma nova onda de protestos da minoria árabe de Israel.
As manifestações ocorreram por todos os cantos do país e foram motivadas pelo assassinato de um jovem por políciais em uma cidade na Galileia na sexta-feira.
"Acusação: ser árabe. Sentença: morte", era uma das mensagens escritas nos cartazes que os manifestantes mostraram em um protesto na Universidade de Haifa, cidade habitada por ambas comunidades.
A Universidade de Tel Aviv e outros centros acadêmicos também foram palco de protestos por parte de estudantes árabes, que levaram bandeiras palestinas.
Em outros lugares as concentrações tiveram ocorreram em cruzamentos de ruas, onde bloquearam o trânsito com pneus e a pedras, enquanto a polícia tentava afastar os manifestantes das vias.
Em Nazaré, cerca de 30 manifestantes atearam fogo a pneus em uma rua, enquanto na principal estrada que une Tel Aviv com Jerusalém um ônibus foi apedrejado na altura da cidade de Abu Gosh.
"Não vamos parar até que os agentes sejam parados e julgados", disse um manifestante.
Neste domingo, a polícia tinha reforçado sua presença em todos os povoados da Galileia para a prevenção de distúrbios. Ao longo do dia suspendeu por motivos de segurança um jogo de futebol da primeira divisão e outro de basquete em uma liga juvenil, visto que em ambos participava uma equipe árabe.
A onda de distúrbios chegou ao ápice na noite de sexta-feira, depois que policiais mataram um jovem árabe de 22 anos na cidade de Kfar Kana, incidente que está sob investigação por suposto abuso de autoridade.
Antes, o jovem tinha atacado um policial com uma faca, mas quando foi morto não representava mais nenhum perigo para os agentes, segundo um vídeo divulgado. As imagens mostram como, após sair do veículo, os agentes o assassinaram pelas costas quando se afastava deles.
O assessor jurídico do governo de Israel, Yehuda Weinstein, convocou uma reunião de urgência com seus assessores e o chefe da polícia neste domingo para estudar o caso e ordenou a aceleração da coleta de provas e da investigação.
Os primeiros distúrbios ocorreram no sábado e, neste domingo, o Comitê de Acompanhamento da minoria árabe de Israel convocou uma greve de general em sinal de protesto. As concentrações ocorreram em Reine, Kfar Kana, Shaab, Kfar Kasem, assim como em partes da Galileia.
A população árabe considera que os policiais cometeram "homicídio a sangue frio", e exigem que os envolvidos sejam processados e a renúncia do ministro de Segurança Interior, Itzjak Aharonovich, que no sábado manifestou publicamente seu apoio aos policiais.
O incidente em Kfar Kana aumenta ainda mais a tensão nas relações entre a maioria judaica de Israel e a minoria árabe, composta por 1,8 milhões de habitantes, a sua maioria de origem palestina.
A situação de segurança também é preocupante em Jerusalém e na Cisjordânia, onde os confrontos entre jovens palestinos e agentes de segurança israelenses ocorrem com frequência desde junho.
Ahlam Shihab, estudante de direito na Universidade de Tel Aviv, disse ao serviço de notícias "Ynet" que "o que aconteceu em Kfar Kana lembra os incidentes de 2000", quando 13 árabes-israelenses foram mortos pela polícia em protestos de apoio à revolta que havia começado na Cisjordânia.
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