A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) encaminhou oficialmente o acordo nuclear entre Irã, Turquia e Brasil aos governos dos Estados Unidos, França e Rússia para "avaliação". A entidade, com sede em Viena, garantiu que defende uma solução negociada, mas não tomará partido. De acordo com a AIEA, a decisão caberá aos governos.
Brasil e Turquia mediaram um acordo com o Irã, que se comprometeu a enviar 1,2 mil quilos de urânio levemente enriquecido para a Turquia em troca de combustível nuclear. O pacto foi criticado pela secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton. "Certamente temos uma divergência muito séria em relação à diplomacia do Brasil", disse Hillary. Segundo ela, o fato de o Brasil tentar evitar novas sanções ao Irã "deixa o mundo mais perigoso".
No segunda-feira, o diretor da AIEA, Yukiya Amano, recebeu a uma delegação composta por brasileiros, turcos e iranianos, que entregaram uma carta assinada pelo chefe da organização atômica do Irã, Ali Akbar Salehi, confirmando o entendimento.
Ontem, o porta-voz da agência, Ayhan Evrensel, informou que a proposta de acordo foi encaminhadas a vários países. "A AIEA não tomará uma posição. Estamos apenas facilitando um acordo. A decisão cabe aos governos." Oficialmente, não há um prazo para que americanos e europeus anunciem uma decisão - embora já se saiba que Washington é contra o acordo.
Segundo informações obtidas na chancelaria francesa, o documento enviado pela AIEA está sendo analisado por técnicos de todos os países envolvidos. Enquanto isso, o esboço de sanção ao Irã continua sendo discutido na ONU.