Tecnologia
País pode elevar enriquecimento de urânio, dizem especialistas
Agência Estado
Viena - O Irã tem a tecnologia para enriquecer urânio em porcentagens mais altas, requeridas para abastecer seu reator para pesquisas médicas, afirmam especialistas. Na opinião deles, porém, seria melhor para o país garantir esse combustível mais rápido, fechar um acordo com o Ocidente.
A república islâmica precisa obter rapidamente combustível para um reator de pesquisa, em Teerã, que faz radioisótopos para fins médicos.
"A tecnologia para enriquecer urânio é basicamente a mesma, seja se você quer enriquecê-lo a 3,5%, para uso em reatores de energia, ou a 20%, para uso no reator de pesquisa em Teerã, ou a 93%, para armas nucleares", afirma Mark Fitzpatrick, do Instituto Internacional para Estudos Estratégicos, em Londres.
A acadêmica britânica Elahe Mohtasham, uma especialista em não proliferação que trabalhou no Kings College, concorda com a avaliação. "Não é difícil passar de 3,5% para 20%, porque é a mesma tecnologia."
Segundo Elahe, porém, apenas alguns países, como a França, podem converter o urânio em barras de combustível. "Nem o Irã nem a AIEA indicaram alguma vez que o Irã possa fazer suas próprias barras" de combustível, notou.
"Eles seriam capazes de dobrar a produção de urânio imediatamente. Mas, ao mesmo tempo, não parecem ter a capacidade técnica para transformar o urânio enriquecido a 20% nas barras de combustível ", afirma um diplomata ocidental, que pede anonimato.
Karim Pakzad, um especialista do instituto IRIS de relações internacionais e estratégicas, em Paris, tem outra opinião. Ele diz que a fala de Ahmadinejad foi um "blefe, porque o governo iraniano está fraco domesticamente".
Paris, Washington e Teerã - Potências ocidentais deram ontem por encerradas as atuais negociações nucleares com o Irã e pediram novas e mais severas sanções contra Teerã.
O endurecimento ocidental, formulado por EUA e França, foi anunciado em represália à decisão do Irã, notificada ontem à ONU, de começar a enriquecer urânio a 20% a partir de amanhã na central de Natanz.
Teerã também anunciou que começará a construir neste ano dez novas centrais nucleares a construção já fora anunciada em novembro, mas sem data marcada. Há dúvidas sobre a capacidade técnica de o Irã alcançar essas metas.
"Não nos resta outra opção a não ser buscar novas medidas no Conselho de Segurança da ONU, disse o ministro da Defesa francês, Hervé Morin, após receber o colega americano, Robert Gates. "Estamos totalmente de acordo na avaliação de que a próxima etapa é uma ação da comunidade internacional, afirmou Gates.
França e EUA pressionarão agora no Conselho de Segurança para impor novo lote de sanções econômicas e comerciais contra o Irã já submetido a três ciclos de punições desde que dissidentes denunciaram uma parte oculta do programa nuclear de Teerã, em 2002.
A possibilidade de novas sanções pode esbarrar nos governos de China e Rússia. Não está claro se eles endossarão resoluções punitivas no Conselho de Segurança, onde têm poder de veto. Os dois países geralmente se abstêm de apoiar punições contra o aliado.
Mas ontem Moscou sinalizou disposição em endossar manobras contra Teerã. Konstantin Kosachev, líder do Comitê de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados russa e próximo do Kremlin, disse que é hora de adotar "sanções econômicas mais severas.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmou ter sido oficialmente informada pelo Irã sobre o plano, anunciado domingo pelo presidente Mahmoud Ahmadinejad, de elevar o enriquecimento de urânio dos atuais 3,5% para 20% com o objetivo declarado de usar o material para abastecer um reator de Teerã usado para fins médicos.
Segundo as normas do TNP (Tratado de Não Proliferação Nuclear), o Irã tem direito, como todos os países sem a bomba, a enriquecer urânio em no máximo 20%. A ideia de que esse processo fosse completado no exterior visava impedir que Teerã tivesse quantidade suficiente de urânio para levar o enriquecimento a 90%, necessário para o uso militar.
Brasil
O Itamaraty reagiu dizendo que não estão esgotadas as possibilidades de um acordo com a AIEA e que tampouco os EUA descartaram negociar.
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