Entre autoridades, um grupo de escoteiros e um numeroso contingente de jornalistas, os sete habitantes de Dixville Notch, um minúsculo povoado do norte dos Estados Unidos, votaram à meia-noite, iniciando o dia eleitoral, como define a tradição há 56 anos.
“É meia-noite”, afirma o secretário judicial olhando para seu telefone celular. Segundos mais tarde, as sete cédulas foram depositadas na urna de madeira, colocada no meio do “ballot room” , o colégio eleitora, do hotel Balsams.
Desde 1960, este grande edifício que parece ter saído de um filme de Wes Anderson acolhe o voto noturno desta pequena localidade, orgulhosa de ser a “First in the Nation” , a primeira do país.
Neste destacado reduto republicano, localizado na região montanhosa do norte de New Hampshire, perto da fronteira com Quebec, é possível ver muitos cartazes eleitorais de Donald Trump, mas nenhum da democrata Hillary Clinton.
“Trump fala de empregos e dará empregos. Os outros não fazem nada”, afirma André Grondi. Proprietário de uma empresa de obras públicas, este homem de 40 anos colou um grande adesivo com as cores do magnata em todas as suas escavadeiras.
Seja qual for o resultado da noite desta terça-feira (8), “Trump foi benéfico para o país”, considera Peter Johnson, um empresário que vota em Dixville Notch desde 1982. Segundo ele, a chegada do multimilionário à cena política é entendida dentro de “um movimento populista que se propaga em todo o planeta”.
Apesar destes apoios, a ex-secretária de Estado de Barack Obama foi a escolhida em Dixville Notch à meia-noite. Hillary Clinton obteve quatro votos, contra dois para Trump e um para o candidato libertário Gary Johnson.
“Votei em Hillary Clinton. Tem uma personalidade forte, experiência e levará nosso país na boa direção”, explica à AFP Nancy DePalma.
Funcionária do hotel Balsams, nas primárias democratas havia apoiado o senador de Vermont Bernie Sanders. Mas nesta noite não hesitou: “Hillary Clinton será a melhor comandante em chefe”.
“Todos deveriam ir e dar seu voto”, afirmou, pensando nos 225 milhões de americanos inscritos nas listas eleitorais.
Embora New Hampshire seja um dos menores estados do país, tanto Hillary quanto Trump fizeram campanha ali até o último minuto. A democrata realizou um comício no domingo (6) e o republicano na segunda-feira (7). Os dois candidatos à Casa Branca estão em uma disputa acirrada, segundo as pesquisas, e os quatro grande eleitores deste estado podem ser decisivos na noite de terça-feira, se a diferença no resultado for mínima.
Para Ross Vandeursen, um dos eleitores de Dixville Notch, esta corrida pela presidência do país foi muito cansativa. “Havia muita tensão, foi quase dramático. Não estou orgulhoso da campanha que foi feita”, declarou este trabalhador.
Para Leslie Otten, proprietário do hotel Balsams, “mais de 50%, talvez 70% dos eleitores, não estão satisfeitos com o que é proposto”.
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