A Bolívia advertiu nesta terça-feira que o prazo das empresas petroleiras estrangeiras para negociarem novos contratos de operação no âmbito da nacionalização está se esgotando, e, se não houver acordo, as companhias terão seus bens expropriados e deverão deixar o país.
No Texas, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, disse que espera a rápida retomada das negociações técnicas com a Bolívia e defendeu "uma solução racional, que atenda aos interesses de todos".
As reuniões técnicas estão suspensas desde o atrito da semana passada, quando a Bolívia decidiu "nacionalizar" o caixa das duas refinarias que a estatal brasileira tem no país. Publicamente só se sabe que a Petrobras pediu a retomada das negociações em 9 de outubro.
O vice-presidente Álvaro García Linera enfatizou que o prazo de 31 de outubro para a assinatura dos novos contratos será cumprido e alertou sobre manobras das empresas para retardar as negociações dos convênios, que deverão consolidar a nacionalização dos recursos energéticos, decretada em maio.
- Exortamos de maneira franca às empresas petroleiras a negociarem, porque seu tempo está acabando - disse García a jornalistas.
Empresas como a Petrobras, a francesa Total e a espanhola Repsol-YPF controlaram o setor boliviano do gás e do petróleo na última década, mas, com a nacionalização, deixam de ser proprietárias dos produtos que exploram e viram prestadoras de serviços para a estatal local YPFB.
- Dizemos de maneira muito firme e respeitosa que as datas não vão mudar e que se até 31 de outubro não tiverem fechado os contratos correspondentes, que beneficiem a empresa e o país, teremos de proceder tal qual estabelece o decreto de nacionalização - afirmou o vice de Evo Morales.
- Haverá empresas que não poderão operar no país - acrescentou ele, em referência ao decreto que estabelece a expulsão das empresas que não firmarem novos contratos e sua substituição pela YPFB.
Atualmente há um confronto entre a Bolívia e a Petrobras por causa da resolução que transfere para o Estado a comercialização interna de combustíveis, o que provocou na semana passada a demissão do ministro dos Hidrocarbonetos.
O governo Morales suspendeu temporariamente a resolução, sob o argumento de que isso agilizaria as negociações com a Petrobras, empresa que tem os maiores investimentos na Bolívia.
Linera não identificou as empresas que estariam protelando os novos contratos para depois de 31 de outubro.
García insistiu que às empresas estrangeiras só lhes resta negociar. "Exortamos de uma vez por todas a definirem, corrigirem as partes que estão mal no nosso contrato, fazer uma proposta. Avante, façam as correções!"
"Continua a nacionalização, não se detém, e serão cumpridas as metas tal qual foram definidas no decreto de 1. de maio," afirmou o vice-presidente, informando que instruiu os técnicos a se prepararem para caso seja necessário assumir as operações de algumas empresas a partir de novembro.
O gás natural é a principal fonte de divisas da Bolívia, com exportações para Brasil e Argentina que devem superar 1,5 bilhão de dólares neste ano.
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