O prefeito de Sardoá, Edvaldo Carvalhaes de Souza, disse, na tarde desta segunda-feira (30), que foi confirmada a morte de Hermínio Cardoso do Santos, de 24 anos, morador da cidade de Sardoá, no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais. O Itamaraty não confirma a informação. Ele estaria entre as 72 pessoas que morreram na terça-feira (25), em uma chacina no estado de Tamaulipas, nordeste do México. Também morreu no massacre o mineiro Juliard Aires Fernandes, de 20 anos, amigo de Santos. Os dois tentavam entrar ilegalmente nos Estados Unidos.
O prefeito disse que esteve na casa da família de Santos e eles já haviam recebido a informação do Itamaraty sobre a morte do jovem.
Até este domingo (29), apenas a morte de Juliard Aires Fernandes, de 20 anos, havia sido confirmada. A família de Santos recebeu do Itamaraty, no fim de semana, a informação de que os documentos do jovem estavam no local da chacina, mas o corpo ainda não havia sido identificado.
De acordo com a Polícia Federal, Fernandes era natural de Santa Efigênia de Minas. As duas cidades estão localizadas na região do Vale do Rio Doce, a pouco mais de 300 quilômetros de distância de Belo Horizonte. Os dois jovens, que eram amigos, moravam em Sardoá e viajaram juntos para o México.
O massacre em Tamaulipas foi atribuído por um sobrevivente equatoriano a integrantes do cartel Los Zetas. Um agente do Ministério Público que investigava o caso apareceu morto nesta sexta-feira (27), segundo o jornal "El Universal".
Luto em Sardoá
O prefeito de Sardoá, Edvaldo Carvalhaes de Souza, decretou luto oficial de três dias. De acordo com Souza, a cidade toda está comovida com a tragédia que atingiu as duas famílias. "Na região e na cidade, o pessoal fica meio apreensivo. É cultural o pessoal ir para os Estados Unidos".
De acordo com o prefeito, o luto não mudou o funcionamento de nenhum órgão público. A cidade, que tem como principal atividade econômica a agropecuária, segundo Souza, hoje tem como importante renda o dinheiro enviado pelos moradores que trabalham fora do Brasil. Esse envio de ajuda representa de 25% a 30% da economia da cidade, diz o prefeito.
Souza explica que os agenciadores, que ajudam pessoas a entrarem ilegalmente nos Estados Unidos, agem escondidos e a prefeitura só fica sabendo que um morador saiu da cidade em um esquema ilícito quando chega ao destino ou quando acontece uma tragédia, como a de Tamaulipas. "Começou em Governador Valadares, há uns 20 anos, e como aqui tem muita influência de Governador Valadares, essas pessoas cresceram com a cultura, ou fantasia, de que os Estados Unidos é melhor do que o Brasil ou a região", comentou o prefeito.
O prefeito cita algumas medidas na cidade para incentivar os jovens a não saírem do Brasil, "De um ano e meio para cá, temos trabalhado no sentido de os jovens não migrarem para os Estados Unidos. A gente tem curso superior para os jovens, com transporte gratuito da prefeitura para Virginópolis e Governador Valadares e convênios com a faculdade com meia bolsa para 100 alunos. Também temos cursos profissionalizantes e de incentivo para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, o Pronaf", disse.
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