O primeiro-ministro de Timor Leste, Mari Alkatiri, aceitou a realização de uma investigação internacional sobre a onda de violência no país, mas se recusou a renunciar, conforme exigem os soldados rebeldes, disse um representante da Organização das Nações Unidas (ONU), na quarta-feira.

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Timor Leste mergulhou em uma onda de violência depois de Alkatiri ter dispensado 600 dos 1.400 militares que formam as Forças Armadas do país, acusando-os de motim devido a protestos que realizaram denunciando atos de discriminação contra soldados do oeste do país.

- Ele concorda com a realização de investigações das quais devem participar investigadores e promotores estrangeiros - afirmou Sukehiro Hasegawa, chefe do escritório da ONU em Timor Leste.

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Depois de conflitos iniciais entre soldados e policiais, gangues de jovens do leste e do oeste do país passaram a sair às ruas da capital timorense, Dili, para se enfrentar e para realizar saques.

- Estou preocupado com a possibilidade de algumas dessas gangues terem ligações com políticos. Não posso provar isso, mas estou preocupado com isso e é muito importante que, independentemente das divergências existentes, elas sejam resolvidas pacificamente - afirmou o chanceler australiano, Alexander Downer, na quarta-feira.

Estima-se que cerca de cem mil pessoas abandonaram suas casas e que cerca de 20 foram mortas em meio à onda de violência responsável por levar a Dili uma força de paz formada por 2.500 soldados australianos, malaios, neozelandeses e portugueses.

Nove casas foram incendiadas na capital, na quarta-feira, mas não houve registro de saques ou de conflitos nas ruas.

Muitos timorenses culpam Alkatiri pelos distúrbios. Cerca de dois mil manifestantes percorreram as ruas de Dili na terça-feira, exigindo a renúncia dele e a realização de eleições.

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MAIS POLÍCIA

Os soldados rebeldes abrigados nas colinas localizadas perto de Dili desejam que o premiê saia do cargo e o acusam de ter detonado a violência ao sufocar o protesto dos militares.

Um dos líderes rebeldes, major Alfredo Reinado, disse estar preparado para realizar negociações com o governo a fim de acabar com a crise, mas não com o premiê.

- Se ele renunciar, poderemos então dialogar. Se o senhor Alkatiri ainda for primeiro-ministro, não vou dialogar com ele - afirmou Reinado à Reuters, por telefone.

O dirigente recusou-se a sair do cargo, afirmando ter sido eleito democraticamente.

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Hasegawa afirmou que regressaria a Nova York na quarta-feira a fim de conseguir aprovação para o envio, até o país asiático, de uma força policial que contaria com o apoio da ONU.

A Austrália afirmou ser importante aumentar a presença policial estrangeira em Timor Leste a fim de coibir as atividades criminosas. O governo australiano prometeu enviar mais 40 policiais, elevando sua contribuição para 200.

- O problema agora são as gangues nas ruas. Acho que grande parte dessas missões pode ser realizada pela polícia no lugar dos militares - afirmou.

O Parlamento de Timor Leste teria de mudar as leis do país a fim de permitir a atuação de policiais estrangeiros ali.

As diferenças entre o leste e o oeste de Timor, cuja população de 1 milhão de habitantes é étnica e linguisticamente homogênea, surgiram pela primeira vez em 1999, quando o país optou, em um plebiscito, por tornar-se independente da Indonésia.

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