O presidente peruano, Alan García, reconheceu na quarta-feira (17) erros do seu governo sobre o modo como enfrentou o conflito com os indígenas da região amazônica e pediu que o Congresso anule as polêmicas leis que desencadearam os piores protestos de sua gestão e deixaram 34 mortos.
Em mensagem à nação transmitida por vários canais de televisão, García respaldou, porém, o trabalho de seu chefe de gabinete, Yehude Simon, que já havia dito que renunciará ao cargo depois de solucionar o conflito com os indígenas.
O protesto foi motivado pelo temor dos indígenas de que as leis os "destituam" de seus territórios, ricos em recursos naturais.
"Chega o momento de fazer um balanço, de reconhecer a sucessão de erros e exageros que todos nós temos vivido, de alguma maneira ou de outra", afirmou García, ao admitir também que não houve conversas com os indígenas sobre os decretos que pretendiam impulsionar os investimentos privados na Amazônia.
Antes disso, Simon apresentou ao Congresso um projeto de lei anulando as leis 1090 e 1064, incluídas no marco de regulamentação de um pacto de livre comércio que o Peru assinou com os Estados Unidos.
"Eu o apoio (a Simon) porque é melhor uma retificação corajosa do que uma torpe obstinação para ver quem ganha. E eu sei que o Parlamento compreenderá desse modo e eu assim o peço publicamente", afirmou García ao referir-se à proposta de anulação das leis.
Em sua mensagem à nação, García reiterou que líderes políticos opositores e "inimigos do Peru" aproveitaram o conflito para difundirem notícias falsas para prejudicar a imagem do país e "impor suas ideias estrangeiras".
"Aprendi que querer modernizar muito rapidamente traz conflitos. Não tenhamos medo disso se for para o país avançar, mas evitemos a morte e a dor, que são irremediáveis e, se ocorrerem, retifiquemos, reconciliemos, recomecemos", disse García.
Segundo o presidente do Congresso, Javier Velásquez, o projeto será debatido nesta quinta-feira (18) em plenária no Parlamento.
"O Congresso facilitará o diálogo para dar uma solução integral ao problema amazônico", disse Velásquez.
Os protestos dos indígenas durante dois meses desencadearam violentos enfrentamentos que deixaram pelo menos 34 mortos, entre policiais e indígenas.
As manifestações foram lideradas pelo indígena Alberto Pizango, acusado pelo governo de sedição, conspiração e rebelião. Ele permaneceu refugiado na Embaixada da Nicarágua em Lima por mais de uma semana. Na quarta-feira, depois de receber um salvo-conduto para deixar o país, Pizango partiu para a Nicarágua.
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