O presidente da China, Xi Jinping, afirmou nesta quarta-feira (16) que os governos devem cooperar para regular a internet a fim de garantir sua “soberania” sobre o fluxo de informações.
“Todos os países devem juntar suas mãos e, juntos, conter o abuso da tecnologia de informação, rechaçar a vigilância e a invasão das redes, e combater uma corrida armamentista do ciberespaço”, disse Xi a representantes de gigantes globais da tecnologia na cidade de Wuzhen durante a segunda Conferência Mundial da Internet, organizada anualmente por agências do governo chinês.
“O ciberespaço é similar ao mundo real no sentido em que tanto liberdade quanto ordem são necessários”, acrescentou Xi, dizendo que o direito à expressão nas redes deve respeitar as leis.
Ao promover na conferência o controle das redes, Xi reafirma a política de sua administração para a internet. Desde que assumiu o poder, em 2013, o presidente reforçou os controles sobre os fluxos de informação, chegando por vezes à censura.
Os 670 milhões de usuários da internet na China navegam por meio do “Grande Firewall”, um sofisticado sistema que bloqueia serviços de rede considerados indesejáveis pelo governo.
São bloqueadas em muitas partes do país redes sociais como Facebook, Twitter e Instagram, o sistema de buscas do Google, portais de notícias estrangeiros e páginas de organizações de direitos humanos.
Críticas
Críticos da política da China para a internet pressionaram empresas estrangeiras a não dar credibilidade a Pequim e às suas normas de uso da rede.
“Companhias de tecnologia, incluindo Apple, Facebook, Linkedin e Microsoft, devem estar preparados para dizer ‘não’ ao regime de internet repressivo da China e para colocar pessoas e princípios à frente de seus lucros”, disse em comunicado nesta terça-feira (15) Roseann Rife, diretora de pesquisa da ONG Anistia Internacional para o Leste Asiático.
Organizações como Repórteres Sem Fronteiras e GreatFire.org convocaram empresas a boicotar a Conferência na China.
Segundo os organizadores, participaram do evento cerca de 2.000 pessoas, incluindo executivos de gigantes americanas como Facebook, Microsoft, IBM, LinkedIn, Netflix e de companhias chinesas como Alibaba, Tencent, Baidu e Xiaomi, além de representantes de Rússia, Paquistão e Cazaquistão.
O acesso à internet no local da conferência era irrestrito.