O presidente da Geórgia, Mikheil Saakashvili, elevou o tom de suas acusações contra Moscou, comparando a Rússia à Alemanha nazista e denunciando os soldados russos de saquearem até tampas de privada.
Saakashvili, cujo discurso pró-ocidental irrita a Rússia e encanta a mídia estrangeira, parece sempre irritado desde o início do conflito, e sua retórica é cada vez mais inflamada.
Falando nesta quarta-feira (13) à rede norte-americana CBS, ele acusou os soldados russos de estarem arrasando seu país e montando campos de concentração. "Os tanques russos estão expulsando as pessoas das suas casas, empurrando as pessoas para campos de concentração", disse ele, acrescentando que as tropas se aproximam de Tbilisi, capital da Geórgia.
"Essas tropas russas regulares entram nas casas, destroem as casas, há documentários provando isso. Eles estão pegando coisas como móveis, tampas de privada, matando gente, aterrorizando as pessoas", afirmou.
Saakashvili criticou a suposta leniência do Ocidente com a Rússia, comparando-a às tentativas apaziguadoras da Europa nos primeiros tempos do regime nazista.
"Falam de um cessar-fogo negociado, como esse lado deve fazer isso, como aquele lado deve fazer aquilo... Isso é apaziguamento", disse ele em entrevista coletiva. "Apaziguamento em 1938 provocou dezenas de milhões de mortes na Europa".
A Rússia negou a ocorrência de saques e qualquer movimentação de suas forças em direção a Tbilisi.
Moscou também mobiliza suas armas de propaganda contra Saakashvili, chamando-o de "genocida" em busca de "aventuras sangrentas".
A imprensa russa o trata de forma francamente negativa, qualificando-o como "agressor" e outros adjetivos que os livros de História habitualmente reservam apenas a Adolf Hitler.
Visivelmente irritado numa entrevista à CNN, Saakashvili rejeitou veementemente a idéia de que a Geórgia começou a guerra, ao tentar retomar o controle da Ossétia do Sul. "Estou farto, farto dessa acusação cínica e absolutamente infundada".
Numa entrevista nesta quarta-feira em Tbilisi, ele elevou ainda mais o tom: "O que estamos vendo é o clássico tipo de limpeza étnica dos Bálcãs e da Segunda Guerra Mundial".
Os líderes separatistas pró-russos da Ossétia do Sul e da Abkházia tampouco medem suas palavras. "Isso se chama esquizofrenia, e o que se pode dizer a um esquizofrênico?", disse o chanceler abkhaz, Sergei Shamba, referindo-se a Saakashvili.
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