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Manifestante exibe cartaz contra o presidente Zine al Abedine Ben Ali. Ele renunciou ao cargo nesta sexta-feira (14) | Reuters
Manifestante exibe cartaz contra o presidente Zine al Abedine Ben Ali. Ele renunciou ao cargo nesta sexta-feira (14)| Foto: Reuters

O presidente da Tunísia, Zine al Abedine Ben Ali, renunciou na sexta-feira ao cargo que ocupava desde 1987, depois de ser incapaz de controlar a onda de protestos nesse país do norte da África.

O primeiro-ministro Mohamed Ghannouchi disse pela televisão que assumirá provisoriamente a Presidência, e o paradeiro de Ben Ali não está claro. Tudo indica que ele foi para a França, ex-potência colonial, e a polícia de Paris disse que o estava esperando.

Os distúrbios e a rápida mudança no cenário político tunisiano têm repercussão em todo o mundo árabe, onde outros governos autoritários também enfrentam desafios ligados ao crescimento das populações jovens, às dificuldades econômicas e à influência dos militantes islâmicos.

Ghannouchi disse que "como o presidente está temporariamente impedido de exercer seus deveres, ficou decidido que o primeiro-ministro irá exercer temporariamente os deveres." Ele prometeu convocar eleições antecipadas.

"Peço aos filhos e filhos da Tunísia, de todas as persuasões políticas e intelectuais, que se unam para permitir que o nosso amado país supere este período difícil e volte à estabilidade", acrescentou o premiê.

A onda de distúrbios começou quando um desempregado, pós-graduado, se imolou após ter sido impedido pela polícia de vender frutas sem licença. Em poucos dias os protestos se espalharam pelo país, e nesta semana chegaram a Túnis, a capital.

A polícia reprimiu os protestos com violência, e o governo disse que pelo menos 23 pessoas morreram, embora uma entidade francesa de direitos humanos tenha relatado pelo menos 66 vítimas fatais.

Na quinta-feira, Ben Ali ofereceu concessões, como a redução dos preços de produtos básicos, fim da censura à imprensa e promessa de que não haveria mais violência contra os manifestantes, além de se comprometer a não disputar um novo mandato em 2014.

No dia seguinte, porém, ele voltou a endurecer o tom, decretando estado de emergência e alertando que os manifestantes seriam baleados em caso de confronto.

O líder oposicionista Najib Chebbi disse ter havido uma "mudança de regime" na Tunísia.

"Este é um momento crucial. Há uma mudança de regime em andamento. Agora, vem a sucessão", afirmou ele ao canal francês I-Tele TV. "Isso deve levar a profundas reformas, a reformas na lei, e a permitir que as pessoas escolham."

Por causa da instabilidade, países ocidentais orientaram seus cidadãos a evitarem viagens à Tunísia, um popular destino turístico. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, pediu que "todas as partes envolvidas estabeleçam um diálogo e resolvam os problemas pacificamente, para evitar novas perdas e mais violência."

Fontes médicas e testemunhas disseram que 12 pessoas morreram durante a noite durante confrontos em Túnis e na localidade de Ras Jebel.

Um fotógrafo da Reuters testemunhou saques em dois grandes supermercados em Enkhilet, um subúrbio da capital, e a queima de uma delegacia. Um repórter da agência disse que há pessoas praticamente em todas as ruas da periferia, com tacos de beisebol, para tentar proteger carros e casas contra saqueadores.

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