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Manuel Zelaya liderou caravana desde Manágua, capital da Nicarágua. Ele tenta retomar o poder, mas governo interino promete prendê-lo | AFP
Manuel Zelaya liderou caravana desde Manágua, capital da Nicarágua. Ele tenta retomar o poder, mas governo interino promete prendê-lo| Foto: AFP
  • Militantes fazem barreira na fronteira de Honduras

O presidente deposto e exilado de Honduras, Manuel Zelaya, cruzou a pé nesta sexta-feira (24) a fronteira da Nicarágua para Honduras, no posto fronteiriço de Las Manos.

Mas o ato foi simbólico: depois de alguns minutos, ele retrocedeu ao território nicaraguense. Ele disse que vai ficar no local "enquanto for necessário".

O presidente deposto, que chegou de jipe liderando uma carreata e sob uma forte chuva, foi cercado por manifestantes favoráveis à sua volta, que gritavam "Viva Mel!". Do outro lado da fronteira, policiais e militares fortemente armados impediam a passagem.

Enquanto não se decidia a cruzar a fronteira, Zelaya falou por celular com diversos jornalistas e personalidades políticas internacionais, buscando apoio para sua causa.

A movimentação de Zelaya na fronteira foi acompanhada ao vivo pelas principais redes internacionais de TV, como a CNN. Mas as emissoras hondurenhas a ignoraram, mantendo sua programação normal.

'Diálogo'

Falando por telefone à France Presse, Zelaya disse que, se conseguir cruzar a fronteira, a primeira coisa que fará será "convidar ao diálogo" e "falar com as pessoas", já que se considera "um homem de paz".

O governo provisório, liderado pelo presidente do Congresso, Roberto Micheletti, ameaça prendê-lo caso ele volte. Entrevistado pela rede CNN quando Zelaya já estava na fronteira, o chanceler do governo interino, Carlos López Contreras, reafirmou que ele seria preso.

Pesam contra Zelaya acusações de traição à Constituição e de corrupção. Ele nega.

Do lado hondurenho da fronteira, a polícia teria usado gás lacrimogêneo contra manifestantes, segundo a imprensa local. Não houve feridos.

Toque de Recolher

O governo interino de Roberto Micheletti impôs um toque de recolher a partir de 12h locais (15h de Brasília) nas zonas de fronteira entre Honduras com a Nicarágua e com El Salvador.

A medida foi anunciada em rede nacional de rádio e TV, 25 minutos antes de sua entrada em vigor.

O clima na região da fronteira é tenso, com a concentração, na localidade de El Paraíso, de partidários de Zelaya que prometem apoiar sua volta ao país.

A polícia de Honduras também anunciou que tem um "plano estratégico" para deter Zelaya, contra quem há uma ordem de prisão por traição à Constituição e outros crimes. As Forças Armadas de Honduras já haviam suspendido a passagem de pessoas e veículos em um ponto a 10 km da fronteira com a Nicarágua. O objetivo é barrar os seguidores de Zelaya.

Depois de terminado o toque de recolher às 6h locais (9h de Brasília), os militares mantiveram bloqueada a estrada entre Las Manos, na fronteira, e a capital, Tegucigalpa. Os pró-Zelaya estavam no povoado de El Paraíso.

Os militares também impediram a passagem dos jornalistas.

O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, partiu na quinta-feira de Manágua dirigindo um jipe branco em direção à fronteira com o seu país, numa nova tentativa de regressar a Honduras e ao poder, do qual foi afastado por um golpe em 28 de junho.

Zelaya decidiu-se a voltar depois de dar por fracassada a mediação do presidente da Costa Rica, Oscar Arias, que na quarta-feira apresentou às partes em conflito novas propostas para superar a pior crise das últimas duas décadas na América Central.

"O trecho é até Estelí, de onde serão feitos os planos para amanhã avançar até Somoto ou Ocotal (municípios nicaraguenses na fronteira com Honduras)", disse Zelaya a jornalistas antes de partir acompanhado pelo chanceler da Venezuela, Nicolás Maduro, e pelo ex-comandante guerrilheiro nicaraguense Edén Pastora.

"Posteriomente, no dia seguinte (sábado), para a fronteira. Na fronteira há muitos hondurenhos que estão chegando", disse Zelaya, vestindo seu chapéu característico e botas de vaqueiro.

Zelaya já tentou voltar a Honduras em 5 de julho, mas o avião do governo venezuelano no qual viajava foi impedido pelo Exército de pousar em Tegucigalpa. Um jovem partidário de Zelaya morreu nos confrontos registrados naquele dia.

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