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primavera árabe

Presidente deposto do Egito está em prisão domiciliar

Manifestantes comemoram no Cairo a saída de Mursi do poder | REUTERS/Mohamed Abd El Ghany
Manifestantes comemoram no Cairo a saída de Mursi do poder (Foto: REUTERS/Mohamed Abd El Ghany)
Exército nas ruas do Cairo |

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Exército nas ruas do Cairo

Membros da Irmandade Muçulmana protestam contra deposição de Mursi |

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Membros da Irmandade Muçulmana protestam contra deposição de Mursi

Pós-golpe no Egito |

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Pós-golpe no Egito

Militares ocuparam as ruas da capital Cairo |

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Militares ocuparam as ruas da capital Cairo

Militares anunciaram a suspensão da Constituição, aprovada em dezembro de 2012 |

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Militares anunciaram a suspensão da Constituição, aprovada em dezembro de 2012

Chefe da Corte Constitucional foi anunciado como presidente durante o período de transição, que deve ser breve, e deverá anunciar as próximas eleições |

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Chefe da Corte Constitucional foi anunciado como presidente durante o período de transição, que deve ser breve, e deverá anunciar as próximas eleições

Manifestação contra Mursi no Cairo |

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Manifestação contra Mursi no Cairo

Mursi e outros membros da Irmandade Muçulmana, grupo ao qual é filiado, foram proibidos de viajar |

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Mursi e outros membros da Irmandade Muçulmana, grupo ao qual é filiado, foram proibidos de viajar

Militares ocupam as ruas do Cairo |

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Militares ocupam as ruas do Cairo

Partidários de Mohamed Mursi orações durante um protesto para mostrar apoio a ele na mesquita praça El-Adwyia Raba, no Cairo. Horas depois, Mursi foi deposto pelo Exército |

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Partidários de Mohamed Mursi orações durante um protesto para mostrar apoio a ele na mesquita praça El-Adwyia Raba, no Cairo. Horas depois, Mursi foi deposto pelo Exército

O presidente deposto do Egito, Mohammed Mursi, está detido em prisão domiciliar, relataram autoridades egípcias nesta quarta-feira (4). Cerca de 300 mandados de prisão foram expedidos contra militantes da Irmandade Muçulmana, partido do presidente deposto.

As Forças Armadas do Egito anunciaram nesta quarta-feira a destituição de Mursi, primeiro presidente a ser eleito democraticamente no país depois da derrubada do ditador Hosni Mubarak. Os militares anunciaram ainda a suspensão da Constituição, aprovada em dezembro de 2012. O chefe da Corte Constitucional, Adly Mansour, foi anunciado como presidente durante o período de transição. Segundo os militares, uma nova eleição deverá ser anunciada em breve.

Segundo Ahmed Aref, porta-voz da Irmandade Muçulmana, além de Mursi, um assessor do presidente deposto também está preso.

Mursi disse que as ações do chefe das Forças Armadas, Abdel Fatah al Sisi, são um "golpe" e que ele continua sendo o presidente do país. O presidente deposto pediu aos altos comandantes militares e aos soldados que cumpram a Constituição e a lei, não respondam ao golpe e evitem se envolver em conflitos.

Segundo o jornal estatal Al-Ahram, Mursi foi comunicado pelo Exército da deposição e de que não é mais chefe de Estado. A manobra foi feita após um ultimado de 48 horas dado pelos militares para que Mursi e a oposição resolvessem a crise deflagrada após uma série de protestos, que levou milhões às ruas do país, contra o governo.

Mursi e outros membros da Irmandade Muçulmana, grupo ao qual é filiado, foram proibidos de viajar. Na terça-feira (2), Mursi chegou propor um governo de coalizão, mas a oposição se recusou a dialogar com o governo.

Segundo o Ministério da Saúde, pelo menos 39 pessoas morreram e mais de mil ficaram feridas nos últimos três dias no país, quando manifestações lotaram, entre outros locais, a praça Tahrir, conhecida como palco das principais manifestações que derrubaram Hosni Mubarak em 2011.

De acordo com o órgão, a maioria das vítimas era militante da Irmandade Muçulmana. Após o ataque, os islâmicos entraram em confronto com a polícia. O porta-voz do grupo religioso, Gehad el-Haddad, atribuiu o ataque a militares infiltrados.

Comemorações, protestos e mortes

Pelo menos nove pessoas morreram em choques entre forças de segurança e pessoas descontentes com o golpe militar que depôs o presidente Mursi. Houve confrontos no Cairo, Alexandria e diversas outras cidades egípcias. Segundo as forças de segurança, os confrontos começaram quando "islamitas" abriram fogo contra a polícia.

Temendo uma reação violenta dos correligionários de Mursi, o exército posicionou tropas e veículos blindados na capital e nas maiores cidades do país, perto de focos de manifestações de partidários do presidente deposto.

Na capital Cairo, os opositores lotaram a praça Tahrir e a frente do palácio presidencial, onde gritaram palavras de ordem contra o presidente. Fogos de artifício explodiram sobre toda a capital egípcia depois que o Exército suspendeu a Constituição e nomeou um novo chefe de Estado interino. "O povo e o Exército são um lado", gritaram os manifestantes na praça, em meio ao barulho das buzinas e cânticos.

Cerceamento de direitos

Mursi assumiu o cargo em 30 de junho de 2012, após eleições livre convocadas durante um período de intervenção militar, que se seguiu à derrubada da ditadura de três décadas de Mubarak. Sua eleição se deu com o apoio da Irmandade Muçulmana, por meio de seu partido, Liberdade e Justiça.

Com a Irmandade Muçulmana também conquistando a maioria na Assembleia Constituinte, seu governo foi marcado pelas reclamações de organizações feministas e de minorias, como os cristãos coptas, denunciando o cerceamento de seus direitos pela nova Constituição, apresentada em novembro e aprovada em referendo popular, no mês seguinte.

Resistência

Em nota minutos após o comunicado do Exército, a Presidência voltou a propor uma coalizão política, mas culpou a oposição por não aceitar suas propostas desde o ano passado. Os opositores boicotaram a iniciativa, afirmando que a ação do presidente era uma fachada para impor as medidas desejadas por ele.

Pouco antes, o porta-voz da Presidência, Ayman Ali, disse que Mursi não cederia a um golpe. "É melhor para o presidente morrer de pé, como uma árvore, a ser condenado pela história e as gerações futuras por jogar fora as esperanças dos egípcios para estabelecer uma vida democrática".

Mais cedo, o Ministério do Interior havia emitido comunicado se alinhando com o Exército e isolando ainda mais o governo. Nestes últimos dias, diversos membros de seu gabinete renunciaram, incluindo seu chanceler.

Em entrevista coletiva em Nasr City, o vice-presidente do braço político da Irmandade Muçulmana Essam el-Erian defendeu a legitimidade do governo de Mursi. "A vontade do povo foi expressa", disse El-Erian. "Nosso governo é baseado na maioria. Nós somos a revolução, e estamos protegendo a liberdade."

Minutos antes do comunicado do Exército informando sobre a deposição de Mursi, o assessor de segurança nacional do Egito, Essam el-Haddad, disse que um golpe militar estava em curso. Em seguida, manifestantes que estavam em frente ao palácio Itahedeya, no Cairo, receberam com gritos e aplausos a informação, divulgada pela emissora de televisão Al Hayat, de que Mursi está em prisão domiciliar. Em seguida, o Exército tomou as ruas da capital Cairo.

Veja fotos da deposição de Mursi

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