O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, partiu de avião de Washington para Tegucigalpa, capital hondurenha, com a intenção de retomar seu cargo após um golpe no país da América Central. A informação é da rede televisiva venezuelana Telesur, que tem jornalistas a bordo do avião.
No entanto, o diretor da Aeronáutica Civil de Honduras, Alfredo San Martín, assegurou que o avião que transporta Zelaya aterrissará em El Salvador e não chegará a seu destino, porque não tem autorização para pousar em território hondurenho. Segundo San Martín, o controle aéreo de Honduras não recebeu os dados técnicos do avião, indispensáveis para a autorização do pouso.
Companhia
O presidente equatoriano, Rafael Correa, disse que Zelaya irá acompanhado do presidente da Assembleia Geral da ONU, Miguel D'Escoto. "Há muita mobilização em Tegucigalpa e nós não sabemos se o governo interino ou o chefe do Exército vai ousar repreender essas pessoas. Então decidimos que a coisa mais prudente a fazer seria que Miguel D'Escoto fosse com ele." O aeroporto internacional da capital está tomado por forte presença militar.
Correa, junto com o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Jose Miguel Insulza, a presidente argentina, Cristina Kirchner, e o presidente paraguaio, Fernando Lugo, irão viajar a El Salvador para monitorar o retorno de Zelaya.
Pedido
Zelaya convocou seus apoiadores no país a comparecerem ao aeroporto para lhe receber. O arcebispado da Igreja Católica no país pediu que Zelaya não volte, pois isso poderia dar início a confrontos sangrentos. No sábado (4), quase 10 mil pessoas protestaram em frente ao palácio presidencial.
Zelaya postou uma mensagem de vídeo na internet pedindo que os apoiadores compareçam ao aeroporto de Tegucigalpa. "Eu peço a todos os trabalhadores do campo, das cidades, índios, jovens, amigos, que me acompanhem em meu retorno a Honduras. Não tragam armas. Pratiquem o que eu sempre preguei: a não-violência."
OEA
A Organização dos Estados Americanos (OEA) decidiu no final da noite deste sábado (4) - início da madrugada de domingo, 5, em Brasília - suspender, com efeito imediato, a participação de Honduras no organismo interamericano. A decisão é resposta ao golpe de Estado ocorrido no domingo passado (28) e que afastou Zelaya do poder.
A suspensão de Honduras foi aprovada por 33 dos 34 integrantes da OEA, com abstenção de Honduras, durante Assembleia Geral Extraordinária realizada na sede do organismo, em Washington, nos Estados Unidos. Para aprovar a suspensão bastavam dois terços dos votos, ou seja, pelo menos 24. Foi a primeira vez que a OEA suspendeu um país por golpe desde 1990, quando o Haiti foi punido pelo golpe sobre o presidente Jean-Bertrand Aristide.