O presidente do Egito, Hosni Mubarak, anunciou nesta segunda (7) um aumento de salário para os funcionários públicos. Mas os manifestantes voltaram a pedir a renúncia imediata dele.
Numa das esquinas da Praça Tahrir, uma mulher mostra a foto do filho. Hassan tem 16 anos e está desaparecido há dez dias. Ela é consolada por alguns dos manifestantes, que voltaram a lotar a praça e prestaram uma homenagem ao jornalista egípcio Ahmed Mahmoud, baleado e morto na semana passada quando cobria os protestos.
No dia seguinte à primeira negociação entre governo e oposição, pouca coisa mudou no palco da revolta popular. O encontro de domingo (6) foi conduzido pelo vice-presidente Omar Suleiman. Ficou acertado que um comitê será formado para estudar mudanças na constituição e para supervisionar a transição até as eleições.
Do lado de fora, a cada dia, é maior a fila para entrar na praça. Nesta segunda, vimos jovens chegando com malas, cheias de comida e roupas. O ponto de checagem dos militares virou um grande negócio para quem vende chapéus, fitinhas, bandeiras, bebidas e biscoitos.
Nos demais bairros do Cairo, lojas, bancos e delegacias reabriram. E as tradicionais carruagens de turistas voltaram às ruas. Mas os acessos às principais atrações do país continuam fechados. Na praça, o número de tendas e barracas aumentou. Agora, surgem cabanas improvisadas, feitas com plástico, onde os manifestantes ficam conversando ou lendo.
A praça está cada vez mais ocupada e à noite, a temperatura do Cairo tem baixado muito. Por isso, é preciso aquecer o pessoal que está na Praça Tahrir. A toda hora chegam cobertores doados.
O novo gabinete do presidente Mubarak se reuniu nesta segunda pela primeira vez. E resolveu dar um aumento de 15% aos funcionários públicos do país. Mas, para os servidores que estão na Praça Tharir, as medidas anunciadas não estão nem perto de serem suficientes. Eles dizem que Hosni Mubarak precisa sair do poder imediatamente.
As eleições presidenciais no Egito estão marcadas para setembro. O embaixador do Brasil no Cairo, Cesário Melantônio Neto, disse nesta segunda (7) que o governo brasileiro prepara uma queixa formal que será encaminhada ao governo egípcio. O texto vai reclamar do tratamento dado a jornalistas brasileiros.
Na semana passada, Corban Costa, da Rádio Nacional, e Gilvan Rocha, da TV Brasil, ficaram presos por 18 horas e foram expulsos do Egito. O jornalista Luiz Antônio Araújo, do jornal Zero Hora, também foi agredido quando cobria os protestos contra Hosni Mubarak.
Segunda à tarde, a embaixada do Egito em Brasília divulgou uma nota em que pede desculpas ao governo do Brasil pelos incidentes, e qualifica os episódios como inaceitáveis.
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