Na primeira reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, neste domingo (16), os chefes de Estado enfatizaram as relações bilaterais entre as duas nações. Apesar de a nota oficial divulgada pelo governo iraniano não mencionar questões nucleares, o texto informa que Ahmadinejad reforçou "suas posições para reformar a ordem mundial".
"A realidade é que alguns países que controlam os centros políticos, econômicos e midiáticos do mundo não querem que os outros países progridam", declarou o presidente iraniano.
O presidente Lula chegou ao Irã na noite deste sábado (15) para fazer a mediação sobre o programa nuclear iraniano, apresentada pelas grandes potências como "a última chance" antes da nova rodada de sanções da Organização das Nações Unidas (ONU) contra o país.
Ahmadinejad agradeceu o apoio brasileiro e reafirmou ainda as vantagens das relações entre os dois países. "Juntos podemos mudar essas condições e proporcionar as transformações necessárias. Esta visita marca o início de uma cooperação entre duas grandes nações", acrescentou.
Segundo a mesma nota, Lula declarou que o "Brasil considera suas relações com o Irã estratégicas, já que os dois países podem atuar assim com mais força".
Estados UnidosO presidente brasileiro também se reuniu com o guia supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei. De acordo com a televisão estatal, Khamenei denunciou os Estados Unidos pelo "barulho" feito a respeito da visita do presidente brasileiro ao Irã.
"As potências dominantes, em particular os Estados Unidos, estão descontentes com o desenvolvimento das relações entre os países indepententes e influentes", disse.
Lula chegou ao Irã na noite de sábado (15) para uma visita de dois dias e foi recebido no aeroporto de Teerã pelo chefe da diplomacia iraniana, Manuchehr Mottaki. O presidente participou de uma cerimônia ao ser recebido por Ahmadinejad.
As possibilidades de êxito na mediação brasileira foram consideradas pequenas por Estados Unidos e Rússia, enquanto o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, renunciou no sábado à viagem a Teerã alegando falta de compromisso por parte do Irã na busca de uma solução. Já o presidente Lula disse na semana passada haver 99% de chances de fechar um acordo com os iranianos.
Mais cedo no sábado, o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do Irã, Ramin Mehmanparast, também disse acreditar na possibilidade de as negociações resultarem num acordo para a troca de combustível nuclear. "Sobre as negociações, acredito que as condições tendem para levar a um acordo sério sobre a troca", afirmou o porta-voz.
Nesta sexta-feira (14), Hillary Clinton reafirmou o ceticismo dos Estados Unidos quanto às chances de sucesso no diálogo com o o Irã. Perguntado sobre a declaração de Hillary, durante uma entrevista coletiva em Doha, o presidente brasileiro respondeu sem citar o nome da secretária de Estado americana.
"Eu não sei com base no que as pessoas falam [isso]", disse Lula. "Não é porque o meu time não ganhou o jogo de ontem que ele não pode ganhar o jogo de amanhã", afirmou o presidente em entrevista concedida após o encontro com o emir do Catar, Hamad bin Khalifa Al Thani, neste sabádo.
TrocaAs grandes potências propuseram ao Irã que enviasse 70% de seu urânio levemente enriquecido para transformá-lo em combustível altamente enriquecido que o país precisa para seu reator de pesquisas.
Invocando um problema de "confiança", o Irã rejeitou a proposta e disse que prefere uma troca simultânea ou por etapas em pequenas quantidades, feita em seu território, o que foi rejeitado pelas grandes potências.
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