O novo presidente interino do Egito, Adly Mansour, jurou nesta quinta-feira (4) seu cargo diante da assembleia geral do Tribunal Constitucional Supremo, órgão do qual até hoje era presidente.
"Juro por Deus todo-poderoso defender o sistema republicano e respeitar a Constituição e a lei, atender ao povo e proteger a independência nacional e a integridade territorial", disse.
Mansour foi designado ontem novo chefe de Estado pelas Forças Armadas, após o golpe militar que depôs Mohammed Mursi, eleito há um ano nas primeiras eleições presidenciais democráticas do país.
O governante disse que assume o poder "com grande honra e durante um período interino", até a realização das eleições presidenciais "em um futuro próximo", que ele mesmo deverá convocar e supervisionar.
"A revolução de 30 de junho corrigiu a revolução de 25 de janeiro de 2011 (que derrubou Hosni Mubarak)", considerou Mansour. O novo presidente disse ainda que as novas manifestações no país, que reuniram milhares de pessoas, significou "a reunificação do povo egípcio sem divisões".
O líder alertou que não se deve venerar um governante nem um tirano, por isso pediu que os egípcios fiquem alertas.
Mansour recebeu a maior ovação dos presentes ao ato quando agradeceu o papel na crise das Forças Armadas, "que são a consciência desta nação e a fortaleza para protegê-la".
O país vive uma turbulência. O número de mortos nos confrontos após a deposição de Mursi subiu para 10 nesta quinta-feira.
Promotoria ordena detenção dos líderes da Irmandade Muçulmana
O Ministério Público do Egito ordenou nesta quinta-feira a detenção dos principais líderes da Irmandade Muçulmana, acusados de instigar o assassinato de manifestantes que protestavam de maneira pacífica contra o presidente deposto Mohammed Mursi.
Segundo a agência oficial Mena, o promotor Ahmed Ezzeldin disse que foi comprovado a veracidade dos depoimentos que indicam que o guia espiritual da Irmandade, Mohammed Badia, e seu braço-direito, Jairat al Shater, incitaram o assassinato de manifestantes que protestavam em frente à sede do grupo no Cairo.
Mursi continua com paradeiro desconhecido de forma oficial, embora uma fonte da Irmandade Muçulmana disse hoje que ele se separou de sua equipe presidencial e foi levado para o Ministério da Defesa, onde está retido.
As forças de segurança começaram na quarta-feira (3) à noite a prender dirigentes da Irmandade Muçulmana, como o presidente do braço político do grupo, o Partido Liberdade e Justiça (PLJ), Saad Katatni.
O segundo líder espiritual das Irmandade, Mohammed Rachad Bayumi, também foi detido e levado junto com Katani para uma prisão nos arredores do Cairo, segundo a agência "Mena".
As Forças Armadas egípcias depuseram Mursi na terça, eleito presidente há um ano, e designaram como líder interino do país o presidente do Tribunal Constitucional Supremo, Adly Mansour, que deverá convocar e supervisionar as próximas eleições presidenciais.
Tensão política no Egito