A primária desta terça-feira (3) em Indiana terá um tom épico entre os republicanos: dará a real dimensão da força do bilionário Donald Trump em seu caminho para disputar a Casa Branca em novembro. O estado de 6,8 milhões de habitantes, que define 57 dos 502 delegados ainda em disputa no partido, tornou-se o principal campo de batalha entre o magnata e seus opositores a 35 dias do fim das prévias da legenda.
Indiana apresenta argumentos para os dois lados. Ted Cruz se fia no grande número de religiosos e conservadores, acima da média nacional, para ter bons resultados. Trump, por sua vez, conta com um grande número de homens brancos que trabalham ou já trabalharam no setor industrial - desiludidos com a profusão de fábricas que se mudaram para a China e para o México - como forma de obter mais uma vitória: o estado tem 17% de sua força de trabalho na indústria, a maior porcentagem dos EUA.
Ted Cruz e John Kasich vão experimentar o pacto de não-agressão para tentar superar o bilionário e repetir o bom resultado no vizinho Wisconsin, arrebatado por Cruz em 5 de abril por 13 pontos de vantagem, marcando o pior momento de Trump na corrida do partido nesta disputa. Será também o primeiro confronto com o nome de Carly Fiorina oficializada como vice na eventual chapa do senador texano.
Pesquisas mantêm cenário de incerteza
Já Trump tenta manter o embalo após retomar o discurso de favorito há duas semanas ao ganhar as disputas nos últimos seis estados por uma margem convincente. Um bom resultado poderá dar-lhe todos os delegados em disputa em Indiana - assim, Trump espera alcançar os 1.237 necessários para colocar seu nome na cédula eleitoral de forma definitiva, sem precisar enfrentar uma convenção partidária aberta.
Kasich reforçou ontem no Twitter que “60% dos que votaram nas primárias do partido escolheram outros nomes”, ou seja, indicando que Trump não tem a maioria entre os apoiadores da legenda. Cruz, por sua vez, colocou anúncios nas TVs de Indiana para lembrar que Trump já doou dinheiro aos democratas no passado e, assim, indiretamente apoiou os acordos comerciais dos EUA que “tiraram empregos dos americanos”. Já Trump destacou apoios obtidos e comemorou, no Twitter, a pesquisa da Rasmussen Reports que o colocava dois pontos à frente de Hillary numa simulação da eleição geral, algo que não ocorria desde fevereiro.
As pesquisas de Indiana não têm ajudado a fazer previsões. Na compilação do site Realclearpolitics, Trump tem 42% das intenções de voto, contra 32,7% para Cruz, e 15,8% para Kasich. Mas, entre as últimas pesquisas, há duas que dão mais de 15 pontos de vantagem para o magnata e uma que o coloca em empate virtual com Cruz. Este cenário só ampliou o nervosismo.
No campo democrata, a terceira semana de bons resultados seguidos para Hillary Clinton poderá ampliar ainda mais o desânimo na campanha do senador Bernie Sanders. Embora ele tenha afirmado que ficará na disputa até as primárias da Califórnia, dia 7 de junho, uma nova derrota pode esfriar ainda mais sua campanha.