As eleições presidenciais argentinas do próximo dia 25 de outubro poderão ter um segundo turno pela primeira vez e levar a uma união da oposição, complicando o cenário para o governista Daniel Scioli, do mesmo partido da presidente Cristina Kirchner. Nas primárias realizadas no domingo, Scioli conseguiu 37,8% dos votos, enquanto o prefeito portenho Mauricio Macri, candidato da oposição, teve 30,7% de apoio. O dissidente do peronismo Sergio Massa ficou em terceiro, com 20,6%. O resultado aponta para um segundo turno e pode levar a uma união dos setores anti-Kirchner, complicando o cenário para o governo.
Na Argentina, para encerrar a disputa no primeiro turno, o candidato deve ter 45% dos votos. Outra hipótese é conseguir 40% dos votos e abrir uma diferença de dez pontos percentuais sobre o segundo colocado.
Apesar dos números, Scioli descreveu sua vitória como “esmagadora” e dedicou o resultado ao ex-presidente Néstor e a Cristina. “Seguimos o caminho do papa Francisco, com os ‘três T’, que são terra, teto e trabalho. E eu acrescento investimento e igualdade”, afirmou Scioli.
Ontem, o governista disse não acreditar que o kirchnerismo tenha perdido votos. “Há um vigor e uma vigência da Frente para a Vitória, que tem sua coluna vertebral no peronismo, nos sindicatos e nos setores populares”, disse. Os votos obtidos pelo governista na primeira etapa, no entanto, ficaram aquém dos conquistados por Cristina nas primárias de 2011 (50,9%).
Atrás da maioria
Encabeçando a aliança Cambiemos (“Mudemos”), Macri ressaltou ontem que a maioria dos argentinos votou contra o governo. “O governo tem uma minoria, que não é suficiente para vencer em um primeiro turno. Seis em cada dez argentinos estão pedindo mudanças”, disse o oposicionista, que citou os números para dizer que o kirchnerismo teve baixa votação nas primárias. Macri venceu a batalha interna contra o radical social-democrata Ernesto Sanz e a liberal Elisa Carrió, que juntos receberam 7% dos votos nas primárias.
A dúvida a partir de agora é sobre um eventual acordo entre Macri e Sergio Massa, o que poderia complicar os planos do kirchnerismo. A possibilidade de união foi negada pelo candidato da aliança Cambiemos durante toda a campanha antes das primárias. Em todas as vezes em que foi questionado sobre o tema, Macri afirmou que não estava disposto a negociar com setores peronistas. Além disso, Sergio Massa foi o chefe de Gabinete de Cristina Kirchner.