Perfil
Líder rebelde despontou no futebol
Possível líder da Líbia pós-Kadafi, o presidente do Conselho Nacional de Transição (CNT), Mustafa Abdel Jalil, 59 anos, já era uma figura conhecida na Líbia antes da revolução. Foi ministro da Justiça.
Jalil dedicou a juventude ao futebol e fez parte da seleção nacional líbia, quando ficou conhecido no país pela primeira vez.
Foi nomeado juiz em 1978 e se destacou ao dar sentenças abertamente contra os interesses de Kadafi. Apesar de sua posição contra o regime ditatorial, em 2006 foi convidado pelo filho do ditador, Saif al Islam, para ser ministro da Justiça.
Em 2010, atacou, em TV pública, o regime por não acatar decisões dos tribunais e manter 200 políticos em cativeiro. Desertou em 15 de fevereiro deste ano.
Enquanto travavam ontem a batalha pelo controle da capital Trípoli, rebeldes líbios comemoravam vitória e anunciavam que a "era Kadafi" terminou. No meio tempo, estimavam um prazo de 10 a 15 meses de transição entre autocracia e democracia.
Em comparação, Tunísia e Egito, que tiveram revoluções também neste ano, esperam cumprir o processo ainda durante esse semestre.
A vitória, porém, ainda não é completa. Até ontem noite no Brasil, o ditador Muamar Kadafi, 69 anos, controlava bolsões na cidade, incluindo um hospital, um quartel e um hotel. Insurgentes admitiam ignorar o paradeiro do ditador.
É possível que Kadafi esteja em Sirte, sua cidade natal. A Otan (aliança militar ocidental) diz ter interceptado um míssil vindo da região.
"Vamos procurar embaixo de cada pedra", afirma Mahmud Nacua, representante dos rebeldes em Londres.
A insurgência diz ter planos de levar o ditador a julgamento. Há pedido de prisão contra ele emitido em junho pelo Tribunal Penal Internacional, com acusação de crimes contra a humanidade.
Barack Obama, presidente dos EUA, voltou ontem a dar declaração sobre a Líbia, dizendo que o tempo de Kadafi "está chegando ao fim".
O ditador não aparece em público desde 12 de junho, quando foi fotografado jogando xadrez. Ele falou à população pela televisão, no fim de semana, mas apenas o áudio foi veiculado.
Boatos apontavam ontem para uma nova rodada de revezes à ditadura, sugerindo a morte de seu filho Khamis e do chefe de inteligência Abdullah al Senussi. As baixas não foram confirmadas.
Rebeldes mantêm outros dois filhos do ditador presos, incluindo o herdeiro político, Saif al Islam. Um terceiro filho já detido, Mohammed, fugiu da prisão domiciliar com a ajuda de tropas do governo.
Apesar da incerteza em relação à Líbia pós-Gaddafi, 35 países já reconheceram o governo rebelde, conhecido como Conselho Nacional Transitório (CNT), como o legítimo representante dos líbios.
Entre eles os Estados Unidos, a França, a Alemanha, a vizinha Tunísia e outros ci nco países árabes, além de uma potência regional, a Turquia.
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