Os editores dos principais jornais londrinos foram ameaçados de processo pelo procurador-geral Peter Goldsmith se publicarem mais detalhes de uma conversa em que o primeiro-ministro Tony Blair teria dissuadido o presidente dos EUA, George W. Bush, de bombardear a emissora de TV Al-Jazeera.
O jornal "The Times" relata que o procurador disse aos editores que "a publicação de um documento que tenha sido ilegalmente revelado por um funcionário da coroa poderia ser uma violação da Seção 5 da Lei de Segredos de Governo".
"O governo Blair já havia obtido mandados judiciais contra jornais antes, mas nunca processou editores pela publicação de documentos vazados", diz o "Times".
A denúncia do suposto plano de Bush foi publicada na terça-feira no jornal "Daily Mirror" que, nesta quarta-feira, queixa-se da restrição importa pelo procurador-geral. O tablóide "Daily Mirror" disse que foi solicitado a não publicar mais detalhes de um memorando secreto, com base no qual denunciou que Bush quis atacar a sede do canal de notícias em árabe. A sede fica no Qatar, um país amigo dos EUA.
O "Mirror" diz que a transcrição da conversa em que Blair teria convencido Bush a não bombardear o Qatar foi obtido do escritório do ex-deputado trabalhista Tony Clarke, que não foi reeleito em maio. Um ex-assessor encarregado de pesquisas e seu chefe de gabinete terão que comparecer a um tribunal brevemente, acusados de violar a mesma lei em que, agora, o procurador-geral ameaça enquadrar os órgãos de imprensa.
O "Times" conta que o deputado trabalhista Peter Kilfoyle apresentou na noite de ontem uma moção que exige de Blair a publicação da conversa.
Na terça-feira, Downing Street recusou-se a comentar o caso. Segundo a CNN, a Casa Branca chamou a denúncia de "estranha".
A Al-Jazzera, acusada pelo governo Bush de fazer propaganda antiamericana e de ser uma porta-voz do extremismo, divulgou um comunicado, dizendo que a denúncia "suscitaria sérias dúvidas sobre a versão do governo americano para incidentes anteriores envolvendo jornalistas e escritórios da Al-Jazeera". Equipes e escritórios da emissora árabe já foram atingidos no Iraque e no Afeganistão, em incidentes nos quais Washington disse não ter a intenção de atacá-la. "Isso também constituiria um novo capítulo na relação entre dois dos governos mais poderosos do mundo e as organizações de mídia em geral", afirma a Al-Jazeera.
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