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O mundo terá de aumentar a produção de alimentos em 50% até 2030 e dobrar até 2050 se não quiser sofrer com a escassez nas próximas décadas. O alerta é do relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para o direito à alimentação, Olivier de Schutter. Nesta quarta-feira (10), ele apresentará o resultado de seu estudo e alertará para os riscos da especulação no setor de commodities e para a alta nos preços dos alimentos.

Ele lembra que o recente aumento nos preços de alimentos já afetou 100 milhões de pessoas. Uma alta de 20% até 2025 colocaria outros 440 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza. "Um obstáculo para o já lento progresso em lidar com a má nutrição será inevitável."

Ele apelará nesta quarta aos países para que uma nova estratégia mundial seja criada para evitar uma crise. Mesmo antes da crise, 852 milhões de pessoas sofriam com a falta de alimentos.

O relator aponta ainda que apenas incrementar a produção não resolverá a crise. Hoje, dois bilhões de pessoas vivem com deficiências de micronutrientes e uma nova estrutura de distribuição e acesso aos alimentos precisará ser criada. "Produzir alimentos não vai aliviar a fome dos mais pobres. Precisamos também aumentar a renda daqueles que a produzem", afirma o documento.

A ONU admite que o setor agrícola precisa de investimentos privados. Mas um sistema precisa garantir a inclusão dos pequenos agricultores no comércio. O relator cita um estudo do Banco Mundial que aponta para o fato de que o Brasil, Colômbia e Vietnã reduziram seus ganhos com a venda de café entre os anos 1990 e 2002, enquanto o valor das vendas duplicaram nesse período.

A especulação no setor de commodities, segundo a ONU, seria um dos pontos que precisariam ser atacados com urgência. Entre as soluções, a entidade sugere a criação de uma reserva internacional para ajudar países afetados pela especulação nos alimentos. Outra opção seria a criação de um seguro que compense pela alta nos preços de alimentos.

Um acordo na Rodada Doha também seria uma solução. Mas a ONU alerta que não será qualquer acordo que ajudará a combater a fome. "Ainda é incerto se as negociações lançadas em Doha vão dar uma resposta satisfatória", afirmou. Um dos temores é de uma liberalização apenas abra mercado aos grandes produtores, afetando os pequenos agricultores em países emergentes.

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