Nos últimos três anos, estima-se que a Universidade Central da Venezuela (UCV) tenha perdido 700 professores que, em muitos casos, optaram por emigrar a outros países em busca de melhores salários. No caso da Universidade Simón Bolívar (USB), o número chegaria a cerca de 500, segundo informações publicadas recentemente pelo jornal “El Carabobeño”, que fez uma ampla reportagem sobre a fuga de cérebros que assola a Venezuela. O motivo é simples: atualmente, o salário médio de um professor venezuelano é de apenas US$ 77.
— Os venezuelanos foram bem formados e estão recebendo boas ofertas no exterior — disse ao jornal o vice-reitor administrativo da Universidade de Carabobo (UC), José Angel Ferreira.
No ano passado, 101 professores da UCV abandonaram o país para tentar sorte no exterior. Nesta universidade, o salário de um professor titular com dedicação exclusiva, a posição mais alta na estrutura acadêmica, fica em torno de 50 mil bolívares, abaixo da cesta básica familiar, que em julho passado era de 54.205 bolívares.
O venezuelano Luis Gustavo Celis, que há 25 anos vive na Colômbia, passou a receber vários pedidos de emprego de compatriotas nos últimos tempos:
— Muitas pessoas que fizeram uma pós-graduação abandonaram a Venezuela para buscar novos horizontes. Se existisse a possibilidade de repatriá-los seria necessário oferecer um salário justo, para que possam se sustentar — disse ao “El Carabobeño”.
A preocupação entre os que ainda permanecem no país é grande. Alguns países, como o Equador, têm programas específicos para pesquisadores estrangeiros com doutorado, o que têm atraído os venezuelanos. O governo do presidente Rafael Correa oferece passagens aéreas, US$ 500 para moradia e um salário que oscila entre US$ 4 e US$ 6 mil,
— Estão ficando com nossos educadores. A redução também afetou o setor de pesquisas, já que muitos se sentiram atraídos pela oferta do Equador — disse Karelys Fernández, presidente da Associação de Professores do estado Zulia.