O Ministério Público de Paris informou nesta sexta-feira que abriu um inquérito preliminar sobre a acusação de tentativa de estupro supostamente cometida pelo ex-diretor-gerente do FMI Dominique Strauss-Kahn contra a escritora Tristane Banon, em 2003.
O caso cria uma nova dor de cabeça para o político socialista francês, de 62 anos, que em maio teve de renunciar à chefia do Fundo Monetário Internacional devido à suspeita de crime sexual contra uma camareira em Nova York. As acusações praticamente inviabilizaram a candidatura dele a presidente em 2012.
A expectativa é de que Strauss-Kahn também abra um processo contra Banon, o que é praxe em casos desse tipo na França. Advogados dele evitaram comentar o assunto na sexta-feira.
Banon, de 32 anos, disse que foi sexualmente agredida por Strauss-Kahn durante uma entrevista com o ex-ministro de Finanças em um apartamento vazio de Paris, há oito anos.
David Koubbi, advogado dela, disse na quinta-feira haver provas "físicas" da tentativa de estupro, mas não quis antecipar se isso incluía gravações ou mensagens de texto.
Até o surgimento da denúncia em Nova York, Strauss-Kahn era considerado o favorito para derrotar o impopular presidente conservador Nicolas Sarkozy na eleição de 2012.
A primeira acusação perdeu força na semana passada, por causa de dúvidas levantadas sobre a credibilidade da camareira que o acusa. A prisão domiciliar de Strauss-Kahn já foi revogada. Uma fonte próxima ao processo disse à Reuters, no entanto, que os promotores norte-americanos não pretendem arquivar a denúncia imediatamente, e que preveem pelo menos mais duas ou três semanas de investigação.
Advogados e promotores envolvidos no caso se reuniram nesta semana em Nova York, mas a fonte que falou à Reuters disse que não foi discutida uma possibilidade de acordo judicial para abreviar o processo.
O escândalo causou uma reviravolta política na França, onde o Partido Socialista agora busca um novo candidato para enfrentar Sarkozy. Além disso, o caso abriu um debate sobre a praxe da imprensa local de agir com discrição a respeito de casos extraconjugais de políticos, o que críticos dizem que favorece a impunidade a "predadores" sexuais.
Banon é jornalista e autora de três livros, incluindo um romance em que faz um relato ficcionalizado do suposto incidente com Strauss-Kahn. Ela também contou o caso com minúcias em um programa de TV em 2007, mas o nome dele foi encoberto por um sinal sonoro.
O crime de tentativa de estupro acarreta pena de até 15 anos de prisão na França.