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Pelo menos 17 pessoas morreram e outras 246 ficaram feridas nesta sexta-feira (5) nos enfrentamentos entre partidários e opositores do deposto presidente Mohammed Mursi no Egito, informaram fontes do Ministério da Saúde. O chefe de Primeiros Socorros do ministério, Mohammed Sultan, disse à agência estatal de notícias "Mena" que três dessas mortes foram registradas no Cairo, do lado de fora do quartel da Guarda Republicana, onde Mursi está sendo mantido.
Fontes disseram que forças de segurança abriram fogo, mas um porta-voz do Exército afirmou que as tropas haviam disparado apenas balas de festim e gás lacrimogêneo. Um jornalista da Reuters viu manifestantes atingidos por balas de espingarda. Não estava claro se outras forças além do Exército estavam presentes.
Centenas de partidários da Irmandade Muçulmana, de Mursi, marcharam em direção ao quartel, no subúrbio do Cairo, e se reuniram em frente ao complexo. Um jornalista da Reuters ouviu disparos e viu pelo menos oito pessoas feridas entre os manifestantes.
Ele também observou centenas de manifestantes se aproximando do cordão militar. Um grupo de homens caminhou para uma barreira de arame farpado para pendurar um cartaz de Mursi. Um soldado removeu e rasgou o papel.
A multidão gritou palavrões para os soldados, alguns manifestantes acenaram com sapatos em um gesto tradicional de insulto.
Uma hora depois, centenas de manifestantes ainda estavam nas proximidades, alguns rezando. Alguns exibiam cartazes de Mursi, que foi deposto pelas Forças Armadas na quarta-feira depois de protestos populares contra ele.
Milhares de partidários de Mursi protestaram em várias cidades do país no que a Irmandade Muçulmana chamou de "Sexta-Feira da Ira" contra o que descreveu como um golpe militar que derrubou o primeiro presidente eleito do Egito um ano após ele assumir o cargo.
Em Alexandria e Assiut, islâmicos tomaram as ruas para protestar contra a deposição de Mursi pelo Exército e rejeitar um governo interino apoiado pelos liberais.
Na cidade de Ismailia, na região de Suez, soldados atiraram para o alto quando apoiadores de Mursi tentaram invadir o gabinete do governador. Os islâmicos se retiraram e não houve vítimas, segundo fontes de segurança.
Em Damanhour, capital da província de Beheira, no Delta do Nilo, 21 pessoas ficaram feridas na violência entre facções.
Grupos de direitos humanos denunciam fechamento de canais islâmicos
Grupos de direitos humanos egípcios denunciaram nesta sexta-feira o fechamento arbitrário de canais de televisão islâmicos, assim como a prisão de vários de seus funcionários, ao considerar que esta ação é totalmente contrária à liberdade de expressão.
Em um comunicado conjunto, as seis organizações envolvidas expressaram suas preocupações em torno das medidas "excepcionais" que estão sendo articuladas pelas forças de segurança contra estes canais, acusados de incitar a violência e causar a desobediência civil para apoiar o recém-deposto presidente Mohammed Mursi.
A polícia irrompeu os canais "Misr 25", da Irmandade Muçulmana, e "El Rahma", "El Nas" e "Jaliguiya", de tendência salafista, além do canal da emissora "Al Jazeera" para o Egito.
A segunda edição do jornal do partido Liberdade e Justiça, braço político da Irmandade Muçulmana, também foi invadida pelos militares, denunciaram os grupos de direitos humanos.
Os ativistas confirmaram a incitação à violência através da imprensa, mas reivindicaram a necessidade de provas sobre estas práticas, assim como a garantia de direitos aos acusados antes das ações judiciais.
"O fechamento dos canais é uma forma de castigo coletivo, que constitui uma violação à liberdade de expressão e dificulta a diversidade dos conteúdos", apontou o comunicado.
Na última quarta-feira, o Exército articulou um golpe de Estado que pôs fim ao governo Mursi, que, por sinal, encontra-se oficialmente em paradeiro desconhecido, embora a Irmandade Muçulmana tenha denunciado que o mesmo está sob custódia militar e incomunicável.
Outros líderes islâmicos também foram presos ou estão sendo procurados pela Justiça, a maioria sob a acusação de instigar à violência e criticar o Poder Judiciário.