Cerca de 2.000 homens da Guarda Nacional enviados à região de St. Louis ajudaram a polícia a evitar uma segunda noite de protestos violentos e vandalismo, à medida que os protestos se espalharam para várias cidades dos Estados Unidos após um júri ter decidido não indiciar um policial branco que matou um jovem negro desarmado.
O presidente Barack Obama fez um apelo por diálogo, e o secretário de Justiça do governo prometeu que uma investigação federal sobre a morte de Michael Brown, de 18 anos, em agosto, será rigorosa.
O policial Darren Wilson, que atirou no jovem, disse que sua consciência está tranquila. Ele, que poderia ter enfrentado acusações que vão desde homicídio involuntário a assassinato em primeiro grau, disse em entrevista à ABC News que não havia nada que poderia ter feito de forma diferente em seu confronto com Brown que poderia evitar a morte do adolescente.
"A razão pela qual eu tenho a consciência limpa é porque eu sei que eu fiz o meu trabalho direito", disse ele, acrescentando que não teria agido de forma diferente se Brown fosse branco.
Apesar do reforço na presença dos agentes de segurança em Ferguson, um carro de polícia foi incendiado perto da prefeitura ao anoitecer, e a polícia lançou bombas de fumaça e gás lacrimogêneo para dispersar manifestantes.
Uma multidão de manifestantes depois se reuniu perto do quartel-general da polícia, entrando em confronto com policiais que utilizaram spray de pimenta.
A multidão, no entanto, era menor e menos agitada do que na segunda-feira, quando cerca de 12 imóveis comerciais foram incendiados e outros foram saqueados, em meio a troca de tiros esporádicas por parte dos manifestantes e bombas de gás disparadas pela polícia.
Mais de 60 pessoas foram presas na segunda, ante 45 detenções na noite de terça, de acordo com a polícia.
A agitação em torno da morte de Brown em Ferguson, uma cidade predominantemente negra com uma estrutura de poder dominada pelos brancos, destacou a natureza muitas vezes tensa das relações raciais nos EUA e os laços instáveis entre a polícia e as comunidades afro-americanas.
Protestos também ocorreram em outras cidades norte-americanas na terça-feira, de Los Angeles à capital Washington.
Nova York
Milhares de pessoas saíram às ruas pela segunda noite consecutiva em Manhattan, reunindo-se na Union Square antes de se separarem em vários grupos menores que gritavam "Sem justiça, não há paz". Alguns carregavam faixas nas quais se lia "Prendam policiais assassinos" e "Justiça para Mike Brown".
Um grupo foi até a Times Square, passando pelas faixas de trânsito sob o olhar atento da polícia. "Contanto que eles permaneçam não violentos e enquanto não se envolverem em atos que causem temor ou vandalismo, trabalharemos com eles para permitir que se manifestem", afirmou o comissário de polícia William Bratton.
Los Angeles
Os manifestantes tomaram a U.S. 101 freeway na noite de terça-feira, levando barricadas que colocaram sobre a via, impedindo o tráfego. Em poucos minutos, a polícia rodoviária e policiais da cidade expulsaram algumas dezenas de manifestantes da estrada, fazendo com que fossem para uma passarela, de onde eles jogaram os objetos usados para fazer barricadas. Não havia relatos a respeito de prisões.
Esses manifestantes saíram de um protesto maior, essencialmente pacífico, que reuniu centenas de pessoas que haviam marchado por quilômetros pela cidade desde a tarde de terça-feira.
Oakland
Um grupo de manifestantes atacou carros de polícia e lojas no centro da cidade, quebrando janelas de lojas de carros, restaurantes e lojas de conveniência pela segunda noite seguida. A multidão chegou a fechar duas estradas e atou fogo a várias latas de lixo na principal rua da cidade, antes de serem dispersados pela polícia.
Minneapolis
Um carro atingiu um manifestante e depois foi em direção a um grupo que participava do protestos. Uma mulher teve ferimentos leves.
Cleveland
Centenas de pessoas marcharam por uma via expressa para bloquear o trânsito da hora do rush para protestar contra o que aconteceu no Missouri, mas também contra o assassinato, no sábado, de Tamir Rice, um menino de 12 anos, que tinha uma arma de chumbinho com aparência de uma arma de fogo. "O sistema não foi feito para nos proteger", disse um dos manifestantes, Naesha Pierce, de 17 anos.
St. Louis
Manifestantes prejudicaram o tráfego durante várias horas ao bloquear cruzamentos, uma estrada interestadual e uma ponte sobre o rio Mississippi que faz ligação com a cidade de Illinois.
A polícia deteve vários manifestantes que se sentaram no meio da rodovia Interstate 44 e usou gás de pimenta para dispersar a multidão.
Georgia
Centenas de pessoas das escolas de negros Morehouse College e Clark Atlanta University realizaram manifestações pacíficas. Mas com o anoitecer, alguns grupos se dividiram e tentaram bloquear uma estrada. A polícia disse que 21 pessoas foram detidas, a maioria por não se retirar de locais quando solicitado, mas uma pessoa foi acusada por posse de armas.
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