A Venezuela está em ebulição com protestos nas ruas, problemas no abastecimento de água e energia elétrica, disputas trabalhistas cada vez maiores, e a escassez de produtos básicos nas prateleiras acompanhando a crescente crise econômica que se espalha pelo país.
As demostrações populares espontâneas nas ruas não são em si uma grande ameaça ao presidente Nicolás Maduro, mas indicam a profundidade da revolta da população, e podem se transformar em um catalisador de tumultos maiores, especialmente se a oposição, determinada a retirar o herdeiro de Hugo Chávez da presidência, souber explorar essas frustrações.
“A situação piorou em 2016 com aumentos no número de protestos e nos casos de violência associada às manifestações”, afirma um relatório do Observatório Venezuelano de Conflitos Sociais, que, este ano, já registrou mais de mil protestos e 64 saques a estabelecimentos comerciais.
A maior parte dos protestos consiste em manifestações curtas, rápidas e específicas: elas envolvem algumas dezenas de pessoas, duram poucas horas e são motivados por problemas locais ou questões trabalhistas. Soldados da polícia e da Guarda Nacional Bolivariana quase sempre são acionados, e utilizam táticas suaves, convencendo manifestantes a removerem barricadas e levarem suas reclamações a outros locais. Brigas e saques são mais comuns em supermercados — onde pessoas ficam em filas, muitas vezes sob o sol durante horas — e costumam acontecer quando os carregamentos com mercadorias chegam.
Campanha da oposição tem resposta tímida
No entanto, na turbulenta cidade de San Cristóbal, em protestos políticos exigindo a renúncia de Maduro, jovens mascarados têm queimado pneus e atirado pedras contra policiais, que responderam com jatos d’água e bombas de gás lacrimogêneo. A cidade foi um dos centros dos protestos de 2014, que causaram a morte de mais de 40 pessoas.
E, em vários aspectos, a sociedade venezuelana está em pior estado do que em 2014. O país, assolado pela recessão econômica, lida com uma inflação superior a 180%, o colapso da moeda local e uma escassez de produtos que vai de remédios nas farmácias a leite e papel higiênico nos supermercados.
Em sua luta para retirar Maduro do poder, a oposição lançou uma campanha no último sábado, mas atraiu apenas alguns milhares de pessoas às ruas, o que mostra que direcionar a pressão popular para a saída do presidente pode ser uma tarefa difícil. O Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), legenda de Maduro, acusa oposicionistas de explorarem a crise econômica para intensificar a violência e gerar um golpe de Estado.
— Enquanto o governo e a oposição trocam acusações e brigam um com o outro, não veem o desastre que atinge as pessoas — reclama a recepcionista Jereli Gil, mãe de uma criança de 2 anos, durante um protesto que bloqueou uma rua na capital. — Os políticos precisam dialogar. Sua rivalidade não está ajudando ninguém.
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