O presidente russo, Vladimir Putin, falou publicamente sobre a Ucrânia pela primeira vez desde a queda de Viktor Yanukovich, numa entrevista coletiva transmitida ao vivo nesta terça-feira (4) pela TV russa.
Ele admitiu que a Rússia usará todos os meios, até a força, para defender seus interesses no país vizinho. Também deu de ombros às sanções contra seu país, atualmente em debate na comunidade internacional. Seriam ruins para todos, segundo ele.
Golpe
Putin classificou a queda de Yanukovich como um golpe anticonstitucional e uma tomada armada do poder. Segundo ele, embora o parlamento ucraniano seja legítimo, o presidente em exercício não é. Yanukovich, que fugiu do país após ser destituído, está abrigado na Rússia.
Na opinião de Putin, Yanukovich ainda é o líder legítimo da Ucrânia. É um pedido dele, diz Putin, que torna legítimo o uso das Forças Armadas russas na Ucrânia como último recurso.
"No que se refere ao envio de tropas, isso não é necessário no momento, mas a possibilidade existe", afirmou. Na manhã desta terça (4), a Rússia ordenou a retirada de soldados que faziam exercícios militares perto da fronteira com a Ucrânia.
Eleições
As eleições que devem ocorrer em 25 de maio dificilmente serão reconhecidas pela Rússia. "Depende de como vão transcorrer. Se ocorrerem no clima de terror que vemos agora em Kiev, não as reconheceremos", afirmou.
Putin também comentou as sanções diplomáticas e econômicas contra a Rússia, atualmente em debate pela comunidade internacional. Segundo ele, punir a Rússia seria contraproducente e prejudicaria todas as partes.
Boa parte do gás usado pela Europa - 23% na França, 36% na Alemanha - vem da Rússia, passando pela Ucrânia. Nesta terça, a Gazprom, estatal russa do petróleo, suspendeu um desconto concedido à Ucrânia no preço do gás russo consumido no país vizinho.
Quanto à decisão de países do G7 de não participarem dos preparativos da reunião do G8 marcada para junho em Sochi, Putin deu de ombros. "A Rússia está se preparando para receber seus colegas, mas, se não quiserem vir, que não venham", disse.
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