O presidente russo, Vladimir Putin, advertiu nesta quarta-feira (11) que um potencial ataque militar dos EUA contra a Síria "suscitaria uma nova onda de terrorismo" e afirmou que o uso de armas químicas é responsabilidade da oposição ao governo de Bashar al Assad.
"Um ataque (dos EUA contra a Síria) aumentaria a violência e suscitaria uma nova onda de terrorismo", afirmou Putin em artigo de opinião publicado no site do jornal The New York Times intitulado "Um pedido de cautela vindo da Rússia". O texto também foi publicado na versão impressa da publicação nesta quinta-feira (12).
Além disso, o presidente russo disse que "não há dúvidas de que foi utilizado gás venenoso na Síria", mas "que todas as razões levam a crer que o gás não foi utilizado pelo Exército, mas pelas forças de oposição, para provocar uma intervenção estrangeira", uma posição totalmente oposta à dos EUA, que garantiram ter provas de um ataque do regime sírio com agentes químicos no dia 21 de agosto.
Putin fez essas declarações um dia antes do encontro entre o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, e seu colega russo, Sergei Lavrov, em Genebra, para analisar como implementar o plano russo para controlar o arsenal químico da Síria.
Putin classificou como "alarmante que intervenções militares em conflitos internos de países estrangeiros tenham se transformado em um lugar comum para os Estados Unidos".
Por isso, lembrou que o uso da força só está permitido atualmente sob a lei internacional em legítima defesa ou por uma decisão do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
"Qualquer outra coisa é inaceitável sob as leis das Nações Unidas e constituiria um ato de agressão", ressaltou Putin.
"Devemos interromper o uso da linguagem da força e voltar ao caminho de uma regra política e da diplomacia civilizada", acrescentou.
Em seu artigo, o líder russo dá as boas-vindas "ao interesse mostrado pelo presidente americano em continuar o diálogo com a Rússia sobre a Síria", em referência ao discurso de Barack Obama ontem à noite, no qual considerou como um elemento positivo a possibilidade de uma solução diplomática.
"Uma nova oportunidade de evitar ações militares surgiu nos últimos dias. EUA, Rússia e todos os membros da comunidade internacional devem aproveitar a disposição do governo da Síria em entregar seu arsenal químico para o controle internacional e sua posterior destruição", ressaltou Putin.
O presidente russo explicou, além disso, que "decidiu falar diretamente com o povo dos EUA e seus líderes em um momento de pouca comunicação entre nossas sociedades".
Putin e Obama se encontraram há uma semana em São Petersburgo, na Rússia, por ocasião da cúpula do G20, mas a relação entre os países ficou fortemente abalada nos últimos meses.
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