Uma ação militar na Síria intensificaria o sofrimento da população que permanece dentro do país e afastaria uma solução negociada para a guerra civil, disse nesta quarta-feira (11) a comissão da ONU que investiga os crimes ocorridos nesse país.
O grupo de juristas que compõe a comissão divulgou seu último relatório sobre a situação na Síria, que cobre o período de 15 de maio a 15 de julho, no qual acusa tanto forças governamentais quanto grupos armados opositores de "crimes de guerra".
O relatório revela também que grupos armados curdos se transformaram em atores importantes no conflito e recrutam e utilizam crianças como soldados nos confrontos.
A comissão também afirmou que aqueles que fornecem armas às partes beligerantes na guerra civil veem nelas uma esperança de vitória.
"Não há solução militar", afirmaram os juristas que integram a equipe, liderada pelo brasileiro Sergio Pinheiro.
A divulgação deste relatório ocorre na véspera de uma reunião crucial entre os responsáveis das Relações Exteriores dos Estados Unidos e da Rússia, em Genebra, para tentar estabelecer um procedimento que coloque sob supervisão internacional as armas químicas do regime sírio.
Radicalização da oposição continua
A comissão também confirmou que "a radicalização dos grupos armados opositores continua", conforme aumenta o número de combatentes estrangeiros, com forte disciplina e bem treinados.
Graças a isso, os grupos radicais têm agora vantagem sobre as facções moderadas, o que explica que grupos como o Al Nusra, Al Sham e o Estado do Iraque Islâmico tenham conseguido criar suas próprias fortificações no norte da Síria, explicaram os membros da comissão em seu último relatório divulgado hoje em Genebra.
Em uma ampla descrição da situação da oposição armada na Síria, a comissão afirmou que, apesar dessas facções terem sido capazes de "evoluir para uma força mais organizada", "as tentativas de unificar suas estruturas, sob um comando coerente, fracassaram".
Isso porque seus alvos e recursos são distintos. Além disso, houve mais recentemente os desacordos relacionados com as "lealdades", o que, em alguns casos, levou inclusive a enfrentamentos entre os grupos de oposição pelo controle de áreas e recursos.
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