O presidente russo Vladimir Putin disse que Rússia vai retomar a sua posição da época da Guerra Fria de voltar seus mísseis contra a Europa se Washington mantiver seu plano de construir o escudo antimísseis próximo às fronteiras da Rússia.
Em uma entrevista divulgada na noite de domingo, Putin admitiu que a reação da Rússia pode representar o risco de fazer reviver uma corrida armamentista na Europa, mas afirmou que Moscou não pode ser responsabilizada pelas consequências porque Washington deu início à escalada.
Putin fez essa dura declaração pouco antes da cúpula do G8 na Alemanha, que será aberta em 6 de junho e que provavelmente será um encontro gelado e onde ele ficará cara a cara com o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, assim como com outros líderes mundiais.
A Rússia não fez da Europa seu alvo específico desde o fim da Guerra Fria, mas, ao ser perguntado se poderia fazer isso se o plano de escudo antimísseis dos EUA tiver prosseguimento, Putin disse: "Claro que voltaremos àquele tempo. Está claro que se uma parte da capacidade nuclear dos EUA aparecer na Europa e, na opinião dos nossos especialistas militares, nos ameaçar, então somos obrigados a tomar as medidas correspondentes como reação".
"Quais serão essas medidas? Naturalmente, teremos que ter novos alvos na Europa."
A reação combativa da Rússia ao escudo antimísseis dos EUA provocou comparações com a Guerra Fria. Putin já fez ataques retóricos contra a Casa Branca e na semana passada chamou de "imperialista" a política norte-americana.
A Rússia fez um teste de lançamento com um novo míssil balístico, e afirmou que essa iniciativa tem ligação com os planos de mísseis dos EUA. Além disso, suspendeu a sua conformidade com o tratado que limita a instalação de forças convencionais perto das fronteiras ocidentais da Rússia.
Gesto político
A advertência feita por Putin de que pode apontar mais uma vez mísseis contra alvos europeus tem uma mensagem política clara, mas poucas implicações práticas.
Mesmo depois do fim da Guerra Fria, a Rússia manteve a capacidade de atingir alvos na Europa e nos EUA. O treinamento de mísseis balísticos contra um alvo em particular é uma tarefa técnica relativamente simples, que pode ser feita em questão de minutos.
Esses comentários foram feitos por Putin em uma entrevista dada por ele na sexta-feira a veículos de imprensa selecionados dos países do G8. O Kremlin divulgou uma transcrição da entrevista em seu site, www.kremlin.ru, no domingo.
A reação da Rússia às iniciativas dos EUA relativas a mísseis desenvolveriam "sistemas ofensivos mais eficientes", disse Putin na entrevista.
"Sabemos que isso tem o risco de reiniciar uma corrida armamentista, pela qual não seríamos os responsáveis. Não fomos nós que começamos a alterar o equilíbrio estratégico."
Putin acrescentou: "Hoje estamos advertindo: se um novo sistema de defesa com mísseis for instalado na Europa, haverá uma reação. Somos obrigados a garantir a nossa segurança".
Washington quer instalar elementos de seu plano de escudo -inclusive uma estação de radar e mísseis interceptadores- na Polônia e na República Tcheca.
O governo dos EUA afirma que o escudo não é uma ameaça à Rússia e tem o objetivo de proteger contra possíveis ataques de países como o Irã e a Coréia do Norte.
Putin disse que isso não tem credibilidade. "Não há mísseis iranianos com o alcance necessário", afirmou. "Por isso, fica óbvio que essa inovação se refere a nós, russos."
Putin reiterou que uma escalada militar não é a escolha da Rússia. "Não somos a favor de um confronto", disse. "Somos a favor do diálogo. Queremos ser ouvidos, queremos que a nossa posição seja compreendida", acrescentou.
"Não descartamos que os nossos parceiros dos EUA revejam a sua decisão (de construir os escudos antimísseis)."
"Mas se isso não acontecer, nós nos furtamos à responsabilidade das medidas que tomaremos em resposta, porque não somos nós que estamos começando o ressurgimento da corrida armamentista na Europa", concluiu o presidente russo.
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