O primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin, prometeu "retirar dos esgotos" os cérebros por trás do duplo atentado suicida no metrô de Moscou, que deixou 39 mortos e dezenas de feridos. O premier falou hoje, dia em que a Rússia lembrou as vítimas dos ataques de ontem. Passageiros com os olhos cheios de lágrimas acendiam velas nas duas estações de metrô atacadas. As explosões causaram perplexidade, em um país habituado a que a violência esteja reduzida a uma agitada zona do sul russo.
Políticos influentes pediram a volta da pena de morte, mas também há o temor de que sejam atacadas as liberdades civis, acusação frequente durante os oito anos da presidência de Putin. Em um editorial na revista virtual Grani.ru, o importante líder oposicionista Boris Nemtsov afirmou prever que as autoridades tomem medidas como a "perseguição da oposição", além de "mais censura" e "espionagem política". Nemtsov ressaltou que "isso não nos salvará do terrorismo".
Putin chegou ao poder em 1999, com a promessa de reprimir os rebeldes do Cáucaso. Ele consolidou seu poder após a crise dos reféns em uma escola de Beslan, em 2004, abolindo a eleição dos governadores regionais.
Em mensagem veiculada na televisão, hoje, Putin afirmou que serão encontrados os responsáveis pelos ataques. "Sabemos que estão ocultos em seus esconderijos, mas está em jogo o orgulho dos organismos de segurança, para arrastá-los de seus esgotos em plena luz do dia."
Muitos acreditam que as explosões, atribuídas a extremistas muçulmanos da região do Cáucaso, que inclui a Chechênia, foram represálias pela morte de líderes separatistas em mãos da polícia russa. Ninguém assumiu a responsabilidade pelo ataque.
Tensão
Moscou parece uma cidade nervosa hoje, apesar de que as pessoas continuavam a viajar no metrô. "Sinto a tensão no metrô. Ninguém sorri", comparou a estudante Alina Tsaritova, perto da estação Lubyanka, onde ocorreu uma das explosões suicidas.
Duas mulheres detonaram cinturões com explosivos, durante a hora do rush da manhã de ontem, segundo os investigadores russos. Cinco das 71 pessoas hospitalizadas estavam em estado grave, disse o funcionário do setor de saúde Andrei Seltsovsky, em entrevista ao canal Rossiya-24. Funcionários do setor de emergência disseram que ainda é preciso identificar cinco cadáveres.
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