O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou nesta terça-feira (25) que o ex-técnico da CIA Edward Snowden, acusado de vazar informações secretas americanas, não cometeu nenhum crime no país e permanece na área do aeroporto de Moscou. Mais cedo, o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, já havia garantido que Snowden não havia cruzado a fronteira russa. O chanceler rejeitou o pedido dos Estados Unidos de extradição e classificou de inaceitáveis e infundadas as acusações de Washington de que Moscou teria envolvimento com os planos de fuga do americano.

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Em entrevista a jornalistas na Finlândia, Putin afirmou que não existe tratado de extradição entre a Rússia e os EUA. E que Snowden não cometeu nenhum crime no território russo.

"Snowden é uma pessoa livre. Quanto mais cedo ele escolher o seu destino final, melhor para ele e para a Rússia", afirmou o presidente, que espera que o caso não afete as relações com Washington. "As acusações contra a Rússia sobre o caso são bobagem", completou.

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Mas analistas ressaltaram que a declaração de Lavrov pode sugerir que o fugitivo permaneceu no aeroporto após aterrizar em Moscou e, por isso, tecnicamente nunca teria entrado oficialmente em território russo. Se ele estiver num hotel do aeroporto, por exemplo, estaria em trânsito.

"Ele (Snowden) escolheu seu próprio caminho. Tomamos conhecimento pela mídia. Ele não cruzou a fronteira com a Rússia", afirmou Lavrov.

O ministro assegurou que a Rússia não tem relação com Snowden ou com o seu deslocamento pelo mundo e rejeitou o pedido dos Estados Unidos para deportá-lo.

"Não estamos envolvidos com Snowden, com suas relações com a Justiça dos EUA nem com os seus movimentos ao redor do mundo", afirmou Lavrov. "Consideramos absolutamente infundadas e inaceitáveis as tentativas de acusar a Rússia de violar a lei dos EUA".

O jornal do Partido Comunista chinês People's Daily (na versão em inglês) também reagiu às acusações dos Estados Unidos sobre uma possível ajuda de Hong Kong à fuga de Snowden. O diário o elogiou por "arrancar a máscara hipócrita de Washington" e questionou o governo americano por ainda não ter se manifestado sobre as revelações do ex-técnico da CIA de que o governo americano vem realizando ciberataques contra Hong Kong e China.

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"As autoridades americanas não apenas não nos deram uma explicação e pedido de desculpas mas, em vez disso, expressaram sua insatisfação com Hong Kong por lidar com as coisas de acordo com a lei", escreveu no jornal Wang Xinjun, pesquisador da Academia de Ciências Militares.

"Nesse sentido, os Estados Unidos passaram de um modelo de direitos humanos para um intruso na privacidade pessoal, manipulador do poder através da internet internacional e invasor da rede de outros países", acrescentou.

Fonte confirma chegada de Snowden a Moscou

A chegada de Snowden a Moscou na tarde de domingo (23) foi confirmada por uma fonte do aeroporto da capital russa. Estava prevista sua partida para Havana no dia seguinte, mas ele não usou a passagem, uma manobra aparentemente orquestrada pelo WikiLeaks. A fonte disse que ele estava viajando com a britânica Sarah Harrison, que trabalha para o grupo de Julian Assange.

"Harrison chegou junto com Edward Snowden, vindos de Hong Kong, em 23 de junho por volta das 17 horas. Ele tinha uma passagem para Havana no dia 24, mas não usou. Ela também tinha passagem, mas também não usou", disse a fonte.

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De acordo com outros relatos, Snowden, que havia pedido asilo político ao Equador, fez uma parada em Moscou antes de viajar para outro destino. O ministro das Relações Exteriores do Equador, Ricardo Patiño, afirmou que está considerando a solicitação do americano.

Snowden é investigado pelo Departamento de Justiça dos EUA sob acusação de roubar propriedade do governo, comunicar sem autorização informações de segurança nacional e divulgar internacionalmente informação secreta a pessoas não autorizadas - as duas últimas denúncias estão previstas na Lei de Espionagem.

Os EUA solicitaram no sábado a prisão de Snowden. O governo de Hong Kong, no entanto, alegou que o pedido "não se adequava completamente aos precedimentos legais" do território e que suas solicitações por mais informações não foram respondidas. Diante disso, argumentou que não havia "base legal para impedir Snowden de sair do país".

O governo americano também revogou seu passaporte, mas de acordo com Assange, Snowden viajou com um documento especial de refugiado concedido pelo Equador.

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