Se todas as reservas conhecidas de combustíveis fósseis fossem utilizadas, a Terra ficaria ainda mais inabitável do que os cientistas haviam previsto anteriormente, disseram pesquisadores na segunda-feira (23). As temperaturas médias subiriam em até 9,5°C – cinco vezes o limite máximo de aquecimento global estabelecido na Conferência sobre o Clima da ONU, realizada em Paris em dezembro passado (COP 21), de acordo com um artigo publicado na revista Nature Climate Change.
Modelos anteriores previam que o esgotamento das reservas de combustíveis fósseis aqueceria o planeta em entre 4,3ºC e 8,4ºC. O novo estudo revisa esse nível para entre 6,4ºC e 9,5ºC.
Na região do Ártico, que já está esquentando em mais do que o dobro da média mundial, o termômetro subiria entre 15ºC e 20ºC.
A queima de todas as reservas conhecidas de petróleo, gás e carvão iria liberar cerca de cinco trilhões de toneladas de carbono na atmosfera, principalmente na forma de dióxido de carbono, afirma o texto.
Esse volume - cerca de dez vezes as 540 bilhões de toneladas de carbono emitidas desde a Revolução Industrial - pode ser atingido perto do final do século XXII, se o ritmo do uso de combustíveis fósseis não for alterado.
A maioria das projeções do Painel de Ciência do Clima das Nações Unidas para as emissões de gases causadores do efeito estufa não prevê emissões superiores a dois trilhões de toneladas de carbono. Ainda assim, é mais do que o suficiente para desencadear um turbilhão de eventos, como elevação dos mares, secas, ondas de calor e inundações.
De fato, para se ter uma chance maior de manter o aquecimento global abaixo de 2ºC, a cota máxima de carbono - incluindo o que já foi lançado - é de cerca de um trilhão de toneladas, segundo a ONU.
“É relevante saber o que pode acontecer, se não tomarmos medidas para atenuar as mudanças climáticas”, disse à AFP Kasia Tokarska, doutorando na Universidade de Victoria, em British Columbia, no Canadá.
Alto risco
Ainda não há nenhuma garantia, apontou Tokarska, de que as 195 nações que formularam o acordo de Paris vão cumprir sua promessa coletiva para manter o aquecimento global abaixo de 2ºC, com a redução do uso de combustíveis fósseis.
Os negociadores se reuniram novamente esta semana em Bonn, na Alemanha, para começar a transformar o acordo político em um plano operacional.
“Os formuladores de políticas precisam ter uma visão clara do que está em jogo, se as políticas climáticas significativas não forem postas em prática”, disse o especialista em Física Ambiental Thomas Frolicher, da Universidade ETH, de Zurique, em um comentário sobre o estudo.
Pesquisas anteriores haviam projetado que o aumento da temperatura da Terra iria se abrandar, uma vez que o nível de dois trilhões de toneladas fosse alcançado. Após atingir esse limite, o impacto do carbono adicional seria menor.
Usando modelos climáticos atualizados, no entanto, Tokarska e colegas mostraram que grande parte dos trabalhos tinham superestimado a capacidade dos oceanos de absorverem o CO2 lançado no ar.
“O oceano absorve calor mais lentamente sob essas condições, compensando o abrandamento do aumento da temperatura”, explicou a pesquisadora Tokarska por e-mail.
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