Um líder da insurgência islamita da Somália ameaçou nesta segunda-feira (27) atacar os Estados Unidos, durante um discurso transmitido por uma emissora local de rádio. "Nós pedimos ao presidente dos EUA, Barack Obama, que aceite o Islã antes que cheguemos ao seu país" disse Fuad Mohamed Qalaf. O grupo extremista somali Al-Shabab ainda não lançou atentados fora da África Oriental, mas agências ocidentais de inteligência acreditam que o grupo está recrutando jovens somalo-americanos. Cerca de 20 desses jovens já viajaram à Somália para treinamento e pelo menos três deles foram usados como homens-bomba em ataques no país.
A mensagem de rádio foi gravada na cidade de Afgoye, perto de Mogadiscio, durante uma reunião entre Qalaf e o xeque Hassan Dahir Aweys, ex-líder do grupo Hizbul Islam. Os dois líderes islamitas entraram em confronto várias vezes no passado, mas em meados deste mês anunciaram uma trégua. A Al-Shabab controla grande parte do sul e do centro da Somália.
"Nós nos unimos por causa da nossa ideologia e vamos redobrar nossos esforços para remover o governo e a União Africana (UA) do país", disse Aweys hoje. Um dos objetivos da Al-Shabab é derrubar o fraco governo somali, que controla apenas parte da capital e algumas regiões no oeste do país. O governo atualmente é mantido por 8 mil soldados da UA, procedentes do Burundi e de Uganda.
A Al-Shabab já anunciou sua aliança com a rede extremista Al-Qaeda e em julho deste ano organizou atentados em Uganda, que mataram 76 pessoas. Acredita-se que os mentores dos atentados suicidas contra as embaixadas dos EUA na Tanzânia e no Quênia, em 2008, que deixaram 224 mortos, vivam sob proteção da organização terrorista na Somália.
A Somália não tem governo efetivo desde 1991, quando a ditadura socialista entrou em colapso. Enquanto o norte do país, a Somalilândia, declarou a independência (não reconhecida pela comunidade internacional), a organização Al-Shabab controla grandes regiões no sul e centro do país. As informações são da Associated Press.