Benghazi - Os rebeldes líbios que desde fevereiro tentam derrubar o regime de Muamar Kadafi anunciaram ontem ter tomado o controle de Zawiya, deixando cada vez mais isolada a capital Trípoli.
A tomada de Zawiya, negada pelo governo líbio, coloca os combatentes insurgentes a apenas 50 km da capital na frente oeste. Os combatentes insurgentes nunca estiveram tão próximos do bastião do regime.
Se confirmada a queda de Zawiya, palco de sangrentos combates desde o início do levante, em fevereiro, seria um importante revés para Kadafi, no poder desde 1969.
A cidade de 300 mil habitantes é um importante pólo petrolífero e fica a menos de 200 km da fronteira com a Tunísia, que vinha sendo usada como elo entre o território líbio ainda sob controle governista e o mundo externo.
Os rebeldes também relatam avanços rumo a Trípoli pelo sul. Após ultrapassar Surman e Gharyan, os opositores de Kadafi chegaram a Sabrata.
Na frente leste, os rebeldes comemoraram a tomada de Tawarga, onde se apropriam de uma grande quantidade de armas abandonadas pelo Exército líbio.
"Recuperamos uma quantidade incrível de material e também baterias de lança-mísseis. Deixaram tudo antes de se retirar", disse à agência Efe Ramy el Misrata, membro do comando rebelde.
Mas os rebeldes que enfrentam as forças do regime em Brega, também no leste do país, foram alvo ontem de um míssil Scud, segundo autoridades americanas que monitoram a por radar e satélite em favor dos rebeldes. O missíl caiu no deserto sem causar danos.
Se confirmado, seria o primeiro disparo desse tipo de míssil, pouco preciso mas com alto poder de destruição.
Prazo
Apesar das dificuldades, o governo rebelde, que tem sede em Benghazi e é reconhecido por 30 países, estima que conseguirá derrotar o regime de Kadafi até o final deste mês, o que coincidirá com o fim do Ramadã, o mês sagrado do calendário islâmico.
A revolta popular completou seis meses ontem. O início das manifestações pela saída de Kadafi do poder tiveram início em fevereiro deste ano, quando, inspirados por protestos populares no Egito, centenas de líbios saíram às ruas de Benghazi, a segunda maior cidade do país. As manifestações se espalharam e, em resposta à violência contra civis, os ministros da Justiça, Mustafá Abdeljalil, e o do Interior, Abdel Fatah Younes, passaram para o lado dos rebeldes.
Os protestos viraram conflitos armados ainda em fevereiro e, no fim do mês, os rebeldes controlavam a região fronteiriça com o Egito, Ajdabiya, incluindo Tobruk e Benghazi. Estados Unidos, ONU e União Europeia passaram a aplicar sanções contra o regime de Kadafi.
Em março, a França foi o primeiro país a reconhecer o Conselho Nacional de Transição (CNT), órgão rebelde, como "único representante da Líbia". Desde então, outros 25 países tomaram a mesma atitude. No mesmo mês, o Conselho de Segurança autorizou o uso da força contra tropas de Kadafi para proteger civis.
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