O governo sírio lançou neste sábado (28) uma ofensiva para retomar bairros controlados pelos rebeldes em Aleppo, maior cidade do país, fazendo uso de artilharia, tanques e helicópteros contra opositores mal armados. No entanto, os rebeldes continuaram no controle das áreas, disseram ativistas, sugerindo que eles resistiram ao ataque inicial das tropas de Bashar al-Assad.
A comunidade internacional protesta contra um possível massacre de 3 milhões de pessoas na cidade, mas reconhece que pouco pode fazer para cessar o derramamento de sangue. A Rússia, aliado de longa data da Síria, também disse que teme uma tragédia em Aleppo. Mas o ministro de Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, afirmou que não é realista esperar que o exército sírio permaneça passivo enquanto os rebeldes estão tentando dominar as duas maiores cidades do país.
O jornal estatal al-Watan se referiu ao ataque com uma manchete que designava a luta por Aleppo como "a mãe de todas as batalhas." Os rebeldes devem controlar entre 30% e 50% da cidade. Eles começaram a tentar tirar a cidade do controle do governo uma semana atrás. Cerca de 162 pessoas foram mortas, a maioria civis, de acordo com o Observatório Sírio para Direitos Humanos, que não inclui soldados na contagem. Aproximadamente 19 mil pessoas morreram desde que o início do levante popular, em março de 2011, estimou a entidade.
Somente neste sábado, ativistas projetam que pelo menos 20 pessoas morreram nos confrontos. O ativista local Mohammed Saeed revelou que os rebeldes conseguiram combater os tanques do governo com lança-granadas. "O exército ainda não conseguiu tomar qualquer área. Há muitos do Exército Sírio Livre", disse Saeed, referindo-se aos rebeldes.
Ele estima que cerca de mil combatentes chegaram à cidade nos últimos dias para tomá-la do exército sírio. Até a noite deste sábado, de acordo com o observatório, o governo parecia ter retirado a ofensiva terrestre e retomava o bombardeio das áreas com artilharia. Helicópteros atacavam posições mantidas pelos rebeldes. Havia poucos detalhes sobre o ataque na imprensa estatal, que publicou uma longa lista de vitórias em toda a Síria contra os "terroristas", como são chamados os rebeldes.
A comunidade internacional expressou crescente preocupação de que possa haver um grande derramamento de sangue, se as tropas sírias retomarem o controle da cidade. Mas as nações ocidentais se viram sem poder para impedir uma deterioração da situação, apesar de uma série de esforços diplomáticos, incluindo um acordo de cessar-fogo que nunca entrou em vigor.
Kofi Annan, que intermediou o acordo, disse temer o acúmulo de armas em Aleppo. "Eu lembro as partes envolvidas no conflito de suas obrigações sob a lei humanitária internacional e a lei de Direitos Humanos, e peço que exerçam a moderação e evitem mais derramamento de sangue."
Em um comunicado, a Liga Árabe declarou "profunda insatisfação com os atos de opressão do regime sírio", especialmente o uso de armas pesadas contra o próprio povo. A delegação pediu que a Síria "interrompa o ciclo de mortes e violência e levante o cerco das áreas sob ataque." O vice-secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Ben Hali, acrescentou que os Estados membros preparam uma resolução para estabelecer refúgios para proteger os civis e aplicar novas sanções ao regime de Bashar al-Assad.
O presidente da França, François Hollande, pediu hoje que o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas intervenha na Síria o mais rápido possível para esvaziar a possibilidade de uma guerra civil. "O papel dos países do Conselho de Segurança é de intervir o mais rápido possível", disse ele, referindo-se aos aliados da Síria, Rússia e China. Ele alertou que se a ONU não fizer isto, haverá "caos e guerra civil". As informações são Associated Press e da Dow Jones.
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