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A calorosa recepção oferecida nesta semana pela China ao líder norte-coreano, Kim Jong-il, foi mal vista por outros governos da região, que esperavam ter ajuda de Pequim para domar o isolado regime de Pyongyang.

A rara viagem de Kim ao exterior -- de trem, porque ele tem medo de avião -- ocorre num momento em que a situação da Coreia do Norte piora ainda mais, por causa das sanções da ONU contra o teste nuclear do ano passado.

A visita também coincide com um momento de tensão entre Seul e Pequim por causa do suposto envolvimento norte-coreano no naufrágio de um navio da Marinha sul-coreana.

A agência chinesa de notícias Xinhua disse que Kim foi calorosamente recepcionado pelo presidente Hu Jintao, a quem teria repetido o compromisso de acabar com seu programa de armas nucleares e discutir uma volta às negociações internacionais de desarmamento, abandonadas há um ano e meio pela Coreia do Norte.

"O lado da Coreia do Norte declarou que sua posição em favor da desnuclearização da Península Coreana não mudou. O lado da Coreia do Norte está disposto, junto com todas as partes, a discutir a criação de condições favoráveis para o reinício das negociações a seis partes", disse a agência.

A nota da Xinhua não fez referência ao navio sul-coreano, que Seul suspeita ter sido torpedeado pelo Norte no final de março.

Testemunhas na cidade chinesa fronteiriça de Dandong disseram que o trem blindado de Kim voltou à Coreia do Norte na tarde de sexta-feira (madrugada no Brasil).

A KCNA, agência oficial de notícias norte-coreana, divulgou um agradecimento de Kim a Hu, no qual o líder local elogia "feitos que deixam o mundo impressionado", que a China estaria obtendo "após se livrar de séculos de atraso". A mensagem não faz qualquer menção à questão nuclear ou a outros assuntos delicados.

A Coreia do Sul manifestou sua insatisfação com o tapete vermelho oferecido a Kim, tão pouco tempo depois do incidente naval perto da fronteira marítima em disputa.

O presidente sul-coreano, Lee Myung-bak, disse que a China deve mudar de posição quando os investigadores chegarem a uma conclusão sobre o naufrágio, o que deve ocorrer neste mês.

"O governo chinês vai entender e desempenhar um papel", disse Lee a membros do seu partido.

Muitos analistas, no entanto, dizem que a China está tão preocupada com a estabilidade da Coreia do Norte que estaria disposta a apoiar Kim mesmo que isso desagrade outros na região.

"A China está prestando mais atenção à estabilidade da Coreia do Norte, precisando evitar o caos na península da Coreia", disse Zhang Liangui, especialista em Coreia do Norte na Escola Central do Partido, uma influente instituição de Pequim.

"Se você negligenciar esse problema, a Coreia do Norte pode sofrer turbulências. A China não quer que o sistema norte-coreano veja esse tipo de problema."

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