Os planos palestinos para buscar este mês o reconhecimento de seu Estado na ONU ameaçam voltar a criar um racha no seio da União Europeia (UE), cujos ministros de Exteriores tentaram nesta sesta-feira aproximar posturas e pactuar uma posição comum que, por enquanto, está complicada.
Reunidos na cidade polonesa de Sopot, os responsáveis de Exteriores dos 27 países do bloco insistiram na necessidade de uma posição unificada perante a esperada declaração do presidente palestino, Mahmoud Abbas, na próxima Assembleia das Nações Unidas.
"É crucial que a UE seja capaz de continuar o papel totalmente positivo que desempenhou no Oriente Médio, e o segredo para isso é a unidade", resumiu o chefe da diplomacia belga, Steven Vanackere, em linha com o expressado pela maioria de seus colegas.
Os 27, no entanto, se mostraram até agora divididos, com um grupo de países - entre eles Espanha - próximo às teses dos palestinos e outro - liderado por Alemanha e Holanda - que se negaria a aceitar uma declaração desse tipo.
Ambos os países reiteraram sua "rejeição para que a Palestina adote qualquer decisão unilateral", segundo o ministro holandês, Uri Rosenthal.
A Polônia, que ostenta este semestre a Presidência da UE, se comprometeu a redobrar os esforços para alcançar uma postura comum sobre o futuro palestino.
"Trata-se de uma questão que exigirá acordos muito delicados, mas sem dúvida é um consenso necessário para o interesse mútuo dentro da União", reconheceu o chefe da diplomacia polonesa, Radoslaw Sikorski.
Enquanto, a Alta Representante da UE, Catherine Ashton, pediu tempo, argumentando que por enquanto se desconhece que texto apresentarão os palestinos em Nova York.
Segundo a responsável espanhola de Exteriores, Trinidad Jiménez, as discussões desta sexta-feira serviram para "ver de que maneira começamos a nos aproximar de uma posição comum".
Jiménez, que anteriormente já opinou que o momento é oportuno para abrir passagem rumo ao reconhecimento do Estado palestino, se mostrou satisfeita pelo "desejo e a vontade" dos ministros de conseguir uma postura unificada.
"A UE pode desempenhar um papel de ponte entre as posições que neste momento estão em choque", disse.
A Autoridade Nacional Palestina (ANP) dá por certo que seu pedido para conseguir a adesão completa do Estado palestino à ONU obterá o respaldo de mais dos dois terços necessários na Assembleia Geral, mas teme o veto dos Estados Unidos no Conselho de Segurança.
Washington, que se opõe frontalmente ao movimento impulsionado por Abbas, já ameaçou os palestinos com a suspensão de suas ajudas econômicas se continuarem com seu plano.
Os detalhes da iniciativa palestina continuam sem ser conhecidos, mas a Europa já estuda fórmulas que permitissem a todos seus Estados-membros mostrarem-se unidos.
Entre elas, segundo fontes do bloco, se trabalha a chamada "opção vaticana", que passaria por um reconhecimento do Estado palestino, mas com um status de observador para o país na ONU.
O ministro de Exteriores italiano, Franco Frattini, disse que por enquanto é "prematuro" falar dessa possibilidade "porque as implicações não são claras e a UE está só começando a avaliar as propostas".
"Também não sabemos se os palestinos ficariam contentes com isto, nem se seria aceitável para os israelenses", acrescentou.
A Europa pretende, antes de tudo, evitar que se repita a divisão aberta em seu seio com a declaração de independência do Kosovo, país reconhecido por uma maioria de membros, mas que continua sem receber a aprovação de outros.
Por outro lado, os ministros do bloco repassaram fórmulas para continuar aumentando a pressão sobre o regime de Bashar al Assad, em resposta a sua repressão violenta das manifestações na Síria.
Os 27 países do bloco acertaram um embargo às importações de petróleo e uma ampliação da lista de sancionados por cooperar com o regime e não descartam continuar endurecendo sua postura.
Os ministros, que também estudaram seu apoio às novas autoridades líbias sem tomar nenhuma decisão, fecharão neste sábado este encontro debatendo sobre suas relações com os países vizinhos, com especial atenção à Belarus e Ucrânia.