Ali tem 29 anos. Sua melhor amiga, uma xiita que anda de saia e não usa véu, chama-se Adawiyah e tem 28 anos. Ambos não revelam sobrenomes por medo da repressão que ronda o Bahrein e já levou dezenas de ativistas e blogueiros à prisão sob diversas acusações. Alguns de seus conhecidos foram torturados. Ambos já receberam ameaças pelos perfis na rede Twitter, usada para divulgar o que presenciam durante os protestos que ocorrem desde fevereiro.

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Tanto Ali como Adawiyah fazem parte de uma elite jovem e liberal educada em universidades da Europa e dos Estados Unidos, com trabalhos em multinacionais e bons salários. Ambos têm plena consciência dos riscos que correm ao blogarem ou tuitarem sobre o que vem ocorrendo no país e contradizendo a mídia oficial.

"O que quer que aconteça aqui nos afeta diretamente. Somos um país muito pequeno, mas a nossa riqueza anual é na casa dos bilhões e bilhões de dólares. Esse é um dinheiro que deveria ser investido e entregue ao povo, mas ele míngua e a maior parte da população não vê absolutamente nada. Não temos transparência", diz Ali, inconformado.

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"Um amigo me perguntou porque eu me importo tanto com essa revolução se eu tenho uma vida boa e não me falta nada. Minha resposta é que eu tenho sorte - e isso não é justo, pois muitas pessoas aqui não possuem essa mesma sorte e, apesar de trabalharem muito duro, serem inteligentes, não conseguem progredir, não têm chances - eu poderia muito bem ser uma dessas pessoas", diz Adawaiyah.

Ambos concordam que as principais vantagens das mídias sociais e da internet móvel durante mais um embate no Bahrein são a velocidade com que as notícias se espalham, a habilidade de contradizer a versão oficial do governo e a mobilização de mais pessoas revoltadas, que agora se sentem parte de algo maior e não mais lutando individualmente por aquilo em que acreditam.