As redes sociais são alvo de fortes críticas depois do sangrento tiroteio de Munique: instrumento de informação e de ajuda à investigação, também foi veículo para rumores falsos permitindo o assassino criar armadilhas para suas vítimas.
Estes canais foram utilizados pela polícia para comunicar em tempo real sobre a tragédia provocado por um jovem com transtornos psiquiátricos e que matou nove pessoas e feriu 16 antes de se matar.
Pouco depois dos primeiros tiros, a polícia de Munique multiplicou as mensagens de alerta – em alemão, inglês, francês e turco – em suas contas do Twitter e do Facebook com o objetivo de informar a população o quanto antes. “Foi registrado um tiroteio, a situação é incerta”, “Permaneçam em casa, não saiam às ruas”, “Número incerto de vítimas”, “Estamos fazendo tudo para encontrar os autores dos disparos”, indicaram os Serviços de Segurança.
A solidariedade se organizou rapidamente na rede. A hashtag #offenetür (“porta aberta” em alemão) se expandiu pelas redes sociais para indicar abrigos seguros às pessoas que andavam pelas ruas já que os transportes comuns haviam parado de circular.
Falsos alarmes
Mas com medo do caos provocado pelo tiroteio, as autoridades tiveram que lidar com os rumores enlouquecidos na internet, que evocavam vários ataques simultâneos na cidade, a presença de suspeitos equipados com grandes armas ou sua fuga em um carro.
Todas as afirmações eram falsas, mas mobilizaram as forças de ordem e sobretudo alimentaram os temores de um novo ataque terrorista.
Isso espalhou o medo na cidade quando no final acabou sendo um ato louco, mas isolado, de um jovem alienado. “Tivemos muitas informações durante toda a noite e combiná-las de maneira detalhada foi um desafio. E naturalmente tivemos que levá-las a sério dada a situação”, explicou o chefe da polícia, Hubertus Andrä.
Ironicamente, a polícia contribuiu em parte para alimentar os rumores ao afirmar muito cedo nas redes sociais que seguia uma pista terrorista e estava buscando até três suspeitos armados, antes de retificar a informação mais adiante.
“Pedimos que não alimentem especulações, nos ajudaria muito”, pediu a polícia no Twitter para tentar acalmar o descontrole provocado, além de estimular os internautas a não difundirem as imagens das vítimas e nem revelarem o posicionamento dos policiais: “Não ajudem os atiradores!!!”.
A armadilha da internet”Hoje em dia, na época das redes sociais, a quantidade e o tempo das informações já não é controlada pela polícia, mas pelas pessoas. Isto supõe um certo número de vantagens, vemos sucessos nas investigações graças às fotos e vídeos realizados por iniciativa das pessoas”, explicou no sábado (23) o ministro alemão do Interior, Thomas de Maizière.
Nos Estados Unidos, sobretudo, a investigação dos atentados de Boston em 2013 pôde avançar rapidamente graças, entre outros fatores, às imagens feitas pelo público.
Em Munique, alguns vídeos mostravam o agressores disparando contra as pessoas e também permitiram dispor mais facilmente de uma descrição. “Mas é evidente que quando se propagam rumores, isto não contribui para uma avaliação apropriada da situação”, considerou o ministro.
O atirador se utilizou de uma rede social para criar uma armadilha para várias de suas vítimas. Pirateou uma conta do Facebook para convidá-los a uma das lanchontes do McDonald’s para ganhar descontos. Segundo a imprensa, o atirador, David Ali Sonboly, fixou esta mensagem na rede social: “Convido quem quiser, não é muito caro”.
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”