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Bolívia

Reforma agrária vai ser feita com sangue, diz líder do governo no Senado boliviano

Os capítulos da nova Constituição da Bolívia que regulam a reforma agrária são inegociáveis e o processo de distribuição de terras vai ser feito com violência, afirmou nesta sexta-feira (19) o líder do governo de Evo Morales no Senado, senador Felix Rojas Gutierrez, do partido MAS.

O regime da terra, dos recursos naturais e dos recursos energéticos não se modificam e não são objeto de discussão. O único capítulo que pode ser compatibilizado é a questão da autonomia, disse Gutierrez.

O problema fundamental, a coluna vertebral deste conflito, é a questão da terra. O latifúndio, localizado especialmente no leste e no sul do país, originou uma casta, um clã. Só o senhor Branko Marinkovic [presidente do Comitê Cívico de Santa Cruz] tem um latifúndio três vezes maior que toda a extensão da cidade de Santa Cruz. Essas terras vão ter que cumprir uma função social para beneficiar os que têm fome, afirmou.

Perguntado pelos jornalistas, entrada do encontro que reúne governo e oposição, além de observadores internacionais, em Cochabamba, como seria feito o processo de desapropriação das terras, Gutierrez foi duro na resposta.

Todo parto implica sangue. E o nascimento de um novo país também implica sangue, sobre as cinzas de uma sociedade decadente, com uma classe latifundiária que veio se aproveitando nos últimos tempos com ganâncias e negócios para encher os seus bolsos. Agora os pobres do país, no comando do governo, vão conseguir, finalmente, construir sobre as cinzas desta sociedade decadente uma nova sociedade, com eqüidade, justiça e sem pobres, declarou o senador do MAS.

A posição de Gutierrez foi rebatida por outro senador, de oposição ao governo, Carlos Borth, do partido Podemos. Nós estamos discutindo as autonomias [dos departamentos] e o tema terra é um dos pontos a ser discutido em diferentes níveis de governo. Ninguém quer que haja mortos e feridos para introduzir reformas, se podemos fazer pela via democrática, disse o senador oposicionista.

A posição foi apoiada pelo governador de Tarija, Mario Rossio, principal negociador da oposição. O tema terra não está agora na mesa de negociação, mas nada é inegociável. O segundo dia da reunião para encontrar uma solução política para a Bolívia conta com a presença do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Miguel Insulza.

Neste sábado (20) é aguardada a presença do presidente Evo Morales, que nesta sexta viajou ao Panamá para receber o título de honoris causa de uma universidade local.

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