O presidente esquerdista da Bolívia, Evo Morales, valeu-se da pressão popular e de uma perspicaz barganha com a oposição para pavimentar o caminho para seu projeto mais polêmico e importante, o de dar uma nova Constituição para o país mais pobre da América do Sul.
A nova Carta dá mais poderes à maioria indígena da Bolívia, restringe os latifúndios e amplia o controle do Estado sobre a economia e os recursos minerais.
Morales, primeiro indígena a governar o país, deu gritos de alegria com a aprovação no Congresso de uma lei que marca para 25 de janeiro o referendo sobre a nova Constituição. Dezenas de milhares de camponeses e sindicalistas marcharam a pé de toda a Bolívia até a capital para pressionar pelo referendo.
Depois da tranquila aprovação ao governo Morales num referendo de agosto, a expectativa é de uma fácil aprovação da nova Constituição.
"No curto prazo, o impulso político favorece Morales", disse o acadêmico boliviano George Gray Molina, que atua na Universidade de Oxford.
A oposição abandonou a resistência ao referendo depois que Morales aceitou emendas a vários artigos da nova Constituição, o que eliminou preconceitos contra não-índios, atenuou a proposta de reforma agrária, limitou a presidência a dois mandatos consecutivos e cedeu às exigências de autonomia de alguns governadores.
Mas as principais reformas continuam válidas. O governo confia na sua vitória agora que as concessões aplacaram o ardor da oposição. "Eles querem conter um corre-corre, vão acabar esmagados", alertou o ministro da Agricultura, Carlos Romero, um dos principais arquitetos do acordo com a oposição para garantir a convocação do referendo.
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